Carlo de Gavardo, o condor vencedor - Webventure

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Carlo de Gavardo, o condor vencedor

Redação Webventure/ Offroad

O título de campeão nas motos do VIII Rally Internacional dos Sertões está entre dois pilotos sul-americanos. Um é o brasileiro Jean Azevedo (08 BikeBox), que conquistou a liderança na etapa de 500 anos. O outro é um chileno, número 26, merecedor de muito respeito.

Bicampeão da categoria Marathon motos (originais de série) no Rally Paris-Dakar 1998 e 1999, Carlo de Gavardo, 31 anos (completados no último dia 14, durante o rali), é o único representante do país no cenário internacional de ralis off-road. Desde o ano passado, quando decidiu se dedicar de vez ao esporte, ele disputa os principais eventos e sempre ocupou as primeiras posições na classificação final. Foi quarto no Rally de Marrocos e terceiro no Master de Rally, na Rússia, em 1998. No ano seguinte, repetiu os bons resultados: quarto lugar na Rússia e no Rally dos Faraós, no Egito.

Mesmo assim, o piloto não se considera um profissional. “Meu corpo não está pronto. Meu projeto é, aos 35 anos, estar entre os cinco melhores pilotos do mundo, não quinto no ranking. Hoje existem quatro ou cinco pilotos que podem vencer qualquer rally. Quero ser um deles”.

Natural de Huelquen, uma cidadezinha rural a 100 km sul de Santiago, Carlo vem de uma família tradicional de fazendeiros. E aprendeu a pilotar, com seis anos, para ajudar o pai no trabalho diário. “A moto é muito mais rápida que um cavalo”, explica. Mas somente aos 26 ele começou a competir em enduros de velocidade. “Resultou num modo de vida, em fazer algo que gosto”. Carlo é casado com Pamela Cano e tem um filho de um ano e quatro meses, Tomás de Gavardo.

Chance – Na primeira vez em que esteve no Sertões, há três anos, quase sagrou-se vencedor. Na etapa do deserto do Jalapão (TO), teve o motor estourado e terminou o rali em terceiro. Nesta edição, ele está determinado a conseguir o feito: venceu a quinta etapa, empatado com o Jean Azevedo. Em todas as outras, manteve a regularidade entre as primeiras posições. O chileno liderava até ontem. Mas, novamente no deserto do Jalapão, ele sofreu problemas no reabastecimento e completou a especial em baixa aceleração, perdendo tempo na cronometragem. Agora está na vice-liderança, 58 segundos atrás do brasileiro.

Carlo não recebe um apoio privilegiado, típico de grandes equipes. Ele está acompanhado do pai, Giorgio de Gavardo e do mecânico italiano Roberto Boasso. “Sem eles, não chegaria ao terceiro dia. Passeando sim, mas não competindo”.

Elogios – Sobre os pilotos brasileiros, o chileno é um dos poucos que reconhece a qualidade. “Muita gente na Europa me diz que no Brasil, assim como no Chile, não há pilotos bons. Digo que não. Esta competição é a única prova de que existem bons pilotos locais. Tão bons ou melhores que os europeus”. Para Gavardo, o Rally dos Sertões “é o maior de todas a Américas”. Entretanto, ele afirma que a organização deve ser mais rígida. “Na Europa é muito mais exigente com problemas de horários e gasolina. Mas isso está mudando a cada ano. Agora há muita mais gente da organização no percurso dos Sertões. Isso é muito bom”.

Sobre o povo, ele finaliza, em bom portunhol: “Estou seguro que a gente do Brasil para mim significa muito. Correr aqui é o mesmo que correr em casa. Não só pelo idioma. A gente é muito grata”.

Este texto foi escrito por: Andre Pascowitch

Last modified: julho 20, 2000

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