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Carlos Ambrósio e a decepção de abandonar o Dakar

Redação Webventure/ Offroad

Piloto classifica prova africana mais difícil (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)
Piloto classifica prova africana mais difícil (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)

Carlos Ambrósio completou seu primeiro Dakar, em 2007, na África. Na edição de 2009, o piloto da categoria motos fez apenas duas etapas e saiu da prova após uma quebra ainda não identificada pela sua equipe. Seu equipamento simplesmente parou de funcionar por volta das 10h do dia 4 de janeiro e por mais de três horas o piloto tentou achar qual era o defeito, mas a tentativa foi sem sucesso. Ele teve que avisar a organização da prova que estava abandonando o rali e foi resgatado do trecho cerca de oito horas depois.

“Eu gostei das duas primeiras etapas, diferentemente de outras pessoas. A quebra foi totalmente inesperada, a moto simplesmente apagou e eu tentei de tudo. Não consegui achar o defeito da moto, ela não ligava. Ela ainda está voltando para o Brasil para a gente descobrir o que é. É uma daquelas coisas que acontecem uma em mil, e foi acontecer justo comigo”, relembrou ao Webventure já de volta ao Brasil

Desde que voltou para o país, ele afirma que não acompanhou a cobertura para não “remoer” seu incidente. “Meu único conforto é que isso valoriza ainda mais eu ter completado a primeira, em 2007 na África. Foi em um lugar que eu considero mais difícil por condições gerais. É o único atenuante que eu tenho. Mas fica um gosto de não terminar incrível”.

Após a quebra, Carlos Ambrósio tentou duas vezes voltar para a prova. Na primeira tentativa, ele andou 720 quilômetros para ter seu pedido negado. Em uma nova tentativa, mais 800 quilômetros para insistir no pedido e ouvir mais um “não”. A partir disso a solução foi voltar para São Paulo.

Toda e qualquer desclassificação deveria ser incorrigível, mas o piloto conta que a organização aceitou alguns competidores de volta com receio de chegar ao fim das 14 especiais com muito poucas motos. “Como a minha desclassificação foi muito no começo, eles não me aceitaram de volta. Eles só liberaram quando eles ficaram com medo do número de motos fosse muito reduzido. Eu não tive essa oportunidade”, explicou Carlos. O retorno dele seria possível com a troca do motor, já que ele tinha um reserva.

Decepcionado, Carlos diz que ainda não é certo voltar para o Dakar n edição de 2010. Ele afirma que já teve a satisfação de completar um Dakar africano e que tem engasgado apenas a edição sul-americana, que ele pretende buscar completar caso a prova permaneça no continente no próximo ano.

“Se realmente for aqui (em 2010), sim. Mas voltar para a África, eu não sei se eu voltaria. Lá eu já fiz, já completei. O rali da África é muito perigoso, eu me preocupo muito mais com o deslocamento lá do que nas especiais”, fala explicando que os deslocamentos acontecem sempre no escuro e se caso aconteça algum acidente, o socorro é muito mais complicado e demorado. “Aqui ou em algum outro lugar diferente, tem uma chance grande de eu ir. Se for na África eu acho que eu não vou. Acho”, completou.

Com experiência nos dois tipos de competição, a africana e a sul-americana, Carlos Ambrósio pode comparar as duas provas. Há quem diga que na Argentina e no Chile foi muito mais difícil do que na África.
“A principal diferença entre as duas edições é que aqui você tem presença de público o tempo todo. Tinha bastante gente na largada, muita gente nas duas primeiras etapas. E os deslocamentos são em regiões povoadas. Você para em um posto com loja de conveniência, ar condicionado, banheiro. Na África você não tem nada disso. As estradas não são nada boas. O posto de gasolina é uma bomba enterrada na terra com um cara de turbante te atendendo”, falou o piloto, completando que o calor sul-americano é muito maior do que o africano.

Para ele, a competição da África é mais difícil que a realizada em 2009, e que outra grande diferença são os terrenos. Os de lá, mais arenosos. Os daqui, repletos de muita poeira. “Tirando isso, as provas são muito similares”.

Muitos pilotos opinaram que os cortes e cancelamento de etapas do Dakar foram graças à tentativa da organização de dificultar o máximo possível a prova e que para não assumir que a prova complicou demais, eles optaram por dizer que problemas climáticos impediram o cronograma de transcorrer como o programado. Ambrósio discorda. Ele afirma que todos os cortes foram realmente por motivos climáticos.

“Teve o imprevisto que a organização não está acostumada que é o clima. Eu acredito que foi isso que aconteceu porque já aconteceu no Rally Por Las Pampas o caso da neblina. Já tiveram etapas canceladas por causa da neblina”, disse.

Planos para 2009 – Já pensando em sua nova temporada, Carlos Ambrósio planeja competir no RN 1500, tradicional prova que acontece todos os anos no Rio Grande do Norte, além de já se preparar para o Rally dos Sertões.

“Em 2008 eu não fiz o treino no Atacama e eu pretendo fazer em 2009, caso fique confirmado o projeto de ir para o Dakar”, afirmou.

Mas se o maior rali do mundo voltar “para casa”, o piloto pretende fazer outras provas internacionais, como o Rally do Egito ou a de Dubai.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: janeiro 19, 2009

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