O alpinista Carlos Santalena chega ao Brasil neste sábado (27) após a expedição 2023 do Everest. O recorde ao se tornar o primeiro brasileiro a chegar ao cume pela quarta vez ficou por pouco.
A equipe liderada pelo montanhista da Grade6 chegou a 8.200 metros, pouco mais de 500 metros distantes do “teto do mundo”, a 8.849m. Pode parecer pouco, mas não é.
A segurança dos clientes é a prioridade do guia e em condições extremas, com frio congelante e ar extremamente rarefeito, executar qualquer movimento arriscado nunca é uma opção.
Com experiência de 11 anos na montanha mais desafiadora do planeta, Santalena sabe que o mais importante é a jornada.
”Meu objetivo primordial em relação ao Everest sempre tem sido conduzir as pessoas com segurança e oferecer uma logística e serviço de qualidade. Desta vez, atuei como guia de Decio Gomes, presidente do Grupo DVG, e também com o Carlos Canelas, na terceira tentativa de chegar ao cume sem oxigênio”.
”Fizemos todas as subidas de aclimatação super bem e a logística da expedição aconteceu de uma forma bastante boa. Porém, abortamos no dia 22, programado para o ataque ao cume. E fizemos por uma questão de segurança, tanto física quanto mental”, explica Santalena, que teve apoio de Spot e The North Face na expedição.
O dia 22 foi o escolhido como a melhor janela possível para o ataque ao cume. Segundo Santalena, fez um dia bom, mas não espetacular. E ainda mais frio do que nos outros dias, o que impossibilitou também a realização do projeto de Canelas de chegar ao topo sem oxigênio.
“O Carlos já estava apresentando sinais de congelamento nas narinas e, caso tivesse prosseguido, corria sérios riscos de perder partes do nariz, orelhas ou extremidades. E nunca vamos arriscar sequer a ponta de um dedo. Essa é a minha filosofia. Venho ao Everest há 11 anos e todos os nossos clientes sempre voltaram intactos. Alguns chegaram ao cume. Outros não. Mas o ponto principal, na minha opinião, é passar pela experiência da alta montanha, superar os próprios limites e voltar bem para as nossas famílias e para quem a gente ama”, completa.
Futuro – Se desta vez Santalena não atingiu o topo do Everest, o sonho de voltar a visitar o teto do mundo continua. “Se Deus quiser, daqui um ou dois anos, vamos fazer o projeto novamente, sempre aprendendo com as experiências e promovendo algumas alterações para uma escalada cada vez mais eficiente e segura”, comenta o alpinista, sócio e guia da Grade6, que, enquanto isso, vai seguir com outros projetos, em montanhas diferentes.
Entre os projetos futuros, Santalena planeja chegar ao topo das 14 montanhas com mais de oito mil metros. “Sigo em busca de patrocínio e espero que essa marca ajude. Como alpinista, posso dizer que o céu é o limite para os meus sonhos e objetivos”, conta. Além do próprio Monte Everest (8.848m), ele já escalou Lhotse (8.516m), Makalu (8.485m) e o Monte Manaslu (8.163m). Os cumes que faltam são o K2 (8.611m), Kangchenjunga (8.586m), Cho Oyu (8.188m), Monte Dhaulagiri (8.167m), Nanga Parbat (8.126m), Annapurna I (8.091m), Gasherbrum I / K5 (8.080m), Broad Peak / K3 (8.051m), Gasherbrum II / K4 (8.034m), Shishapangma (8.027m).
Aos 37 anos, Santalena segue como recordista nacional de cumes no Everest (façanha que divide com Rodrigo Rainieri), conquistas realizadas nos anos de 2011, 2016 e 2018. O experiente guia de montanha e sócio da Grade6 – Expedições em Alta Montanha (única empresa brasileira a organizar expedições ao Everest) coleciona outras marcas representativas. É, por exemplo, o brasileiro mais jovem a chegar ao cume do Everest. Foi em 2011, quando ele tinha 24 anos.