Vista da Pedra do Baú (foto: Cristiane Savieto/ www.webventure.com.br)
Em virtude da grande quantidade de escaladores na Pedra do Baú, Mônica Filipini, coordenadora do Projeto do Baú e diretora de meio ambiente do Clube de Montanhismo da Serra da Mantiqueira (CMSM), redigiu um comunicado sobre o uso racional da área. Acompanhe na íntegra:
Comunidade de Montanha e Escaladores:
Todos sabemos da situação do Baú nestes últimos anos, sabemos dos problemas relacionados a falta de conhecimento, turismo desordenado e até assaltos, entretanto o motivo desta carta, é tentar conscientizar, principalmente os escaladores de problemas causados por nós e que estão ficando cada vez mais complicados de resolver.
O número de escaladores cresceu bastante de dois anos pra cá, o que é bom para o desenvolvimento do esporte no país, mas duro para os ambientes naturais, então algumas questões precisam ser levadas em consideração:
1) Normal do Baú: Esta época do ano, estamos presenciando sempre uma quantidade muito grande de escaladores nesta via, em sua grande maioria em grupos com mais de quatro pessoas, sejam através de clubes, escaladas guiadas, cursos , grupos independentes, etc. Grupos grandes demais, comunicação aos gritos, fora os congestionamentos de várias duplas esperando para escalar.
Vamos ter consciência, vá em grupos menores e conseqüentemente mais ágeis, liberando assim a via para outras duplas. Se for curso de clube, entre em contato com outros clubes e esquematizem um rodízio para que não cheguem todos de uma vez na pedra. E evitem a comunicação através de gritos, sempre que possível.
2) Comunicação no Col: Por mais tentador que pareça, evitar gritar com escaladores em outras vias. Isso tem acontecido muito no Baú, Col e Bauzinho, a acústica neste local é boa, então as vezes fica impossível de ouvir seu próprio parceiro pois tem escaladores conversando entre si de várias vias diferentes e/ou com escaladores no Col. Além de prejudicar outras duplas, vamos manter o silêncio no ambiente natural e praticar uma conduta de mínimo impacto.
3) Necessidades fisiológicas: Todos sabemos que as vezes bate uma vontade de ir ao banheiro, mas tem muitos locais que não é possível fazer isso pois o ambiente não comporta. Vamos lá: Por duas semana consecutivas encontramos fezes humanas próxima a base das vias – 2 cordada da Easy Lover, Chicken Salad e Salivié e também cheiro de urina no platô maior entre a Tudo bem e a Chove não Molha. Fora este final de semana que alguém urinou na saída da trilha do Fausto, mas isso não parece obra de escalador. Este setor do Bauzinho é estreito, com algumas ilhas de vegetação de orquídeas e bromélias, pouca terra. Como o número de escaladores nestas vias aumentou muito, vamos colaborar e não usar este local como banheiro. O mesmo vale para o COL (inclusive platô de acesso as vias que finalizam no COL), platô de acesso a Corneto, Cumes dos três afloramentos, Base da Normal / Ensaio de orquestra, Face Sul da Ana Chata (Walking, Goa, Asterix). Estes locais são mais frágeis. Os outros pontos é recomendável enterrar as fezes conforme conduta de mínimo impacto. SE USAR PAPEL HIGIÊNICO, ESPARADRAPO, PACOTE DE BOLACHA, POR FAVOR LEVE DE VOLTA.
4) Trilhas: As trilhas da face norte do Bauzinho (acesso a V de Vingança) e da Ana Chata (acesso a Peter Pan) estão delicadas e a manutenção é dificil. Vamos respeitar, tentar andar com mais atenção, evitar abrir picadas, não puxar as raízes e ter cautela para evitar maiores desmoronamentos.
5) Pedras e Gritos nas trilhas: Para quem tem o hábito de escalar na face norte do Bauzinho, é recomendável o uso de CAPACETE pois de dois meses para cá, muitos escaladores tiveram de escalar com chuvas de pedras voando parede abaixo. Como tem muita pedra solta no cume do Bauzinho, muitos turistas mal informados acham bonito jogar pra baixo. Evitar também gritar nas trilhas.
6) Orquídeas: Estamos com quatro espécies diferentes de orquídeas florindo atualmente nas ilhas de vegetação do Bauzinho. Muitas já foram arrancadas por turistas, e muitas são próximas a vias de escalada, se não nas próprias vias. Cuidado, algumas destas espécies não florescem sempre e não são um matinho qualquer.
Pedimos a colaboração da comunidade pois já é difícil o suficiente lidar com os outros problemas enfrentados no Complexo do Baú e se os escaladores aliviarem será menos uma preocupação.
Atenciosamente.
Mônica Filipini
Este texto foi escrito por: Mônica Filipini