
Eduardo e Rita em uma de suas viagens: eles queriam ser precursores em Sorocaba (foto: Arquivo Pessoal)
A trágica história do casal aventura que se amou até o fim do mundo acabou na manhã de sexta (07/01), quando o dentista Eduardo Alvarenga da Silva e a jornalista Rita Bragatto foram resgatados a 100 metros do cume do monte Aconcágua, a montanha mais alta do continente americano, com 6.962 metros de altitude. Rita chega na noite de hoje (11/01) no aeroporto internacional em Guarulhos. O corpo de seu marido, que morreu na descida da escalada deve acompanhá-la.
Com um currículo repleto de viagens, o casal não tinha experiência em alta montanha. Mesmo assim desejava ser o primeiro casal de Sorocaba (cidade do Interior paulista) a completar a escalada no Aconcágua. No site do casal, o www.casalaventura.com.br, atualizado pouco antes da ida para a Argentina, as viagens mais significativas em gelo e altitude foram para a Patagônia e para a Bolívia.
Na Patagônia, o casal comemorou 10 anos de casado (em 2002), fazendo referências à cerimônia. Rita usou até o mesmo vestido branco. Ao me casar com Eduardo prometi, diante de Deus e dos Homens, que iria com ele até o fim do mundo. Ao completar 10 anos de casados, senti que tinha chegado o grande momento de cumprir esta promessa, escreveu Rita no site do casal.
Nesta viagem, eles visitaram parques nacionais, estiveram no acampamento base do Fitz Roy e no Glaciar do Cerro Torre. Como um evento social, registraram sua viagem com o acompanhamento da afiliada da Rede Globo de Sorocaba.
Curso de gelo 4 meses antes – A outra vez que Eduardo e Rita estiveram em ambiente de montanha na altitude foi no curso de escalada em gelo, que fizeram em setembro de 2004 na Bolívia. O casal contatou a agência Grade VI, que tem como sócio o montanhista Rodrigo Raineri, que ainda está na montanha com seu grupo.
Os dois procuraram a agência para fazer o curso já pensando em ir para o Aconcágua, mas ainda não tinham decidido se iam sozinhos ou com guias. No curso técnico de escalada em gelo, Rita e Eduardo subiram até 5.200m (monte Tarija), e aprenderam como é o resgate em greta, a recuperação em quedas, escalada e progressão no glaciar e o manuseio de crampons e piquetas.
É importante ressaltar que o curso que eles fizeram era técnico de gelo e que não tem por objetivo preparar para a escalada em alta montanha, explica Vitor Negrete, que também guia para a Grade VI. Vitor, que é um experiente montanhista, escalou cinco vezes o Aconcágua, pelas vias rota normal, Glaciar dos Polacos, parede sul e no inverno de 2004, entre outras montanhas.
O curso de gelo foi dado na Cordilheira Real, nome que se dá os picos nevados próximos à capital boliviana, La Paz. Outra diferença, salienta Vitor, é que eles faziam o curso em altitude, mas dormiam a 4.650m, no acampamento base do Condoriri. As condições de altitude lá em nada se assemelham com a escalada no Aconcágua.
Em início de dezembro, a Grade VI entrou em contato com o casal para saber se fariam a escalada no Aconcágua com a agência. A viagem com guia especializado e infra-estrutura custa 2.350 dólares. A resposta foi negativa e Rita e Eduardo decidiram pelo projeto solo, inclusive convidando apoiadores e patrocinadores a investirem na viagem. Eles queriam ser conhecidos como o primeiro casal de Sorocaba (SP) a conquistar o Gigante de Pedra , frase escrita no site do casal.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani
Last modified: janeiro 11, 2005