O importante é pedalar forte e prestar atenção no técnico ensina Cauane (foto: Wagner Júnior)
Cauane Carvalhaes, fera do bicicross, estréia nossa série de reportagens em homenagem à Semana da Criança.
A vida dela é assim: acordar cedo, treinar por duas horas, ir para a escola e garantir os boletins com notas azuis – senão não vai viajar pr’aquela corrida em São Paulo, Rio Grande do Sul, Argentina… Estamos falando de alguma atleta olímpica? Não, de uma menina de 9 anos. Mesmo criança, Cauane Carvalhaes é uma fera do bicicross, campeã paulista e neste ano ficou entre as oito melhores do mundo. “Eu adoro pedalar, quero fazer isso pra sempre”, resume com a biker com a certeza que muito adulto não tem.
Além da convicção, Cauane reúne outras qualidades “de gente grande”: disciplina, responsabilidade e determinação. “O mais importante no bicicross é prestar atenção no técnico (Teobaldo Becker e Arnaldo Índio) e pedalar forte. Não pode ter medo, tem de ser corajosa”, ensina.
Supresa em casa – Pode-se dizer que Cauane nasceu no bicicross, um dos esportes de aventura que mais reúne crianças no Brasil. A mãe, Maria Ozana de Oliveira pedalava quando pequena. Depois se casou com um atleta e nunca deixou as pistas, comandando o Clube Varzino. “Minha filha pedalava desde de muito cedo, começou com velocípede, depois a bicicleta de rodinhas e então ela quis ir a uma pista conhecer melhor o BMX”, conta Zana. “Achei que o meu filho, Cauê, é que iria deslanchar na modalidade… no fim, a menina é que se mostrou pronta pra isso, ela faz hoje o que eu queria ter feito quando criança.”
Agenda cheia de competições – neste ano, Cauane esteve até no Mundial da Argentina -, viagens e treino três vezez por semana. O desafio dos pais da biker é não deixá-la estressada. “Estamos selecionando os campeonatos, mas reconheço que ela tem pouco tempo para brincar”, diz Zana. Na hora de lidar com dificuldades, como a derrota, os pais recorrem à psicóloga do clube, Luciana Roviroto. “Pai e mãe podem falar alguma coisa errada e piorar a situação. Todo dia eu vejo pai que fica bravo com o filho que perde, joga na cara tudo o que gastou com a criança… Resultado: ela acaba deixando o esporte.”
Tempo de estudar e brincar – Mas nada de moleza quando o assunto é escola. “Na volta da Argentina, chegamos em casa às 6h e a Cauane tinha aula às 12h. Queria falta, mas não permiti. Ela tem que aprender que esporte é esporte, estudo é estudo e os dois são importantes”, lembra Zana.
A pequena atleta já tira tudo isso de letra. E vibra quando tem um tempinho para virar criança de novo, brincando com os amigos. É o que vai acontecer neste Dia das Crianças: “vou para a chácara da minha avó, em Campo Limpo, onde brinco de pega-pega e de esconder com meus primos”, planeja. Mas logo retornam os traços de maturidade de quem está na batalha desde cedo. “Esporte é bom para tirar as crianças da rua e das drogas. E se eu pudesse mudar alguma coisa no bicicross, faria as crianças viajarem bastante para corridas e o Brasil ganhar o Mundial.”
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira