Na tarde da segunda-feira (23), quase uma centena de ciclistas se reunia no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, no Ceará. Eles estavam lá para ouvir os últimos detalhes antes do primeiro dia de corridas do Rally Cerapió. A prova começa às 9h desta terça (24), saindo da praia de Cumbuco, até o município de Trairi, no norte do estado (confira aqui o percurso completo). Logo após a reunião, foi feita uma largada promocional no centro da cidade.
O Cerapió é o único rali de bicicletas do mundo, com trechos cronometrados, chamados de especiais, e percursos de deslocamento. Apresentando terrenos bem variados, a prova promete muita competitividade para os ciclistas mais experientes, mas com desafios que podem ser superados também por atletas novatos. O primeiro dia terá mais da metade do percurso em trilhas de terra, sendo que os primeiros 37 quilômetros passam por praias e ainda há 13 quilômetros de asfalto.
Para Thiago Drews, mais conhecido como Brou, o mais difícil é ter uma estratégia psicológica, para não fazer esforço demais no primeiro dia e aguentar a pressão. Vai ser muito calor, sol e areia, e isso desgasta demais o atleta. Ele acaba de se recuperar de uma lesão sofrida na prova Brasil Ride 2011 (leia aqui), e já dá uma dica para quem for pedalar: Precisa evitar uma desidratação, que vai comprometer os outros dias de prova. Tem que usar a brutalidade, mas sem exagerar.
A maior dificuldade é justamente a diversidade que o rali proporciona para a gente, afirmou Vidal, um dos competidores locais. Rodamos em areia, asfalto, calçamento, silgle track, subida, todos os tipos de terreno. Como tem muita variação, é difícil se preparar para tudo, e a gente costuma ser bom apenas em uma coisa. Como sempre tem uma supresa, essa é a maior dificuldade, a gente não saber o que nos espera, avalia o fortalezense.
Além da competição. Nem todos que participam da prova estão lá pela medalha. O suíço Jeff, que já corre pela sexta vez, conta que seu principal objetivo é arrecadar dinheiro para uma entidade chamada Peter Pan, que cuida de crianças com câncer. Me sinto um embaixador. Estou usando a bicicleta para passar uma mensagem de saúde, e ao mesmo tempo ajudo modestamente essas crianças, esse povo carente, principalmente quem mora atrás da cidade de Fortaleza.
Também há quem corra apenas pela diversão e pelo espírito de confraternização, como Zezinho Ribeiro Filho. Morador local, ele participa do rali há 11 anos e traz uma história de superação. Em 2005 eu sofri um grande acidente, que me deixou trê anos em cadeira de rodas. A organização me deu um troféu de honra ao mérito em 2006 e 2007, quando não pude competir, mas em 2008 eu voltei. Nunca fui campeão, mas estou sempre trazendo pessoas para esse grande evento que é o Cerapió
Para Zezinho, o melhor do rali é a integração e a fraternidade entre as pessoas. Encontramos com desconhecidos no meio da natureza, em situações difíceis, mas no final nos damos bem e acabamos fazendo amigos.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi, direto de Fortaleza