Na corrida de estréia do Rally Cerapió, os ciclistas enfrentaram uma prova pesada (leia aqui), mas que não abalou o espírito de cooperação dos atletas. Na liderança, os três primeiro colocados acabaram formando um pequeno pelotão, que se manteve unido até mesmo quando um dos membros se acidentava.
Eles acabaram se afastando bastante do resto dos competidores, formando uma equipe improvisada, que se revezava para quebrar o vento. A gente não estava brigando porque ninguém conseguia escapar, estávamos todos no mesmo ritmo. Um só escapava se outro deixasse, e ninguém ia deixar, contou o fortalezense Everton Siqueira, que terminou em terceiro.
Everton seguiu o pelotão da frente por boa parte do percurso, mas pouco depois da metade da prova, um pneu furou e ele foi obrigado dar uma pausa para fazer um remendo. Eu falei que ia parar para consertar, e os dois que pedalavam comigo pararam junto. Foi um gesto que me emocionou na hora. É competição, mas o espírito esportivo falou muito mais alto, afirmou. Ele ainda continuou por alguns quilômetros, mas acabou precisando parar novamente, e pediu que seus companheiros continuassem sozinhos.
Segundo José Ivanildo, que terminou em primeiro, depois que um grupo se esforça muito pra deixar um pelotão, e um ciclista quebra, ele mesmo libera os outros, como acabou acontecendo, para que o esforço não seja em vão. Na linha de chegada, José passou de mãos dadas com Jardel Silva, com o qual revezava a liderança.
Segundo Everton, depois dessa camaradagem que eles fizeram, nem vou brigar tanto pelo primeiro lugar, porque viraram meus parceiros, não é mais uma competição. O objetivo é chegar bem, dar o melhor, torcer para que ninguém se machuque.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi, direto de Trairi (CE)