Chernobyl: o que você precisa saber antes de visitar?

Daniel Krutman/ Aventura

Foto: Yves Alarie/ Unsplash

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Chernobyl, antes de ser uma das séries de maior sucesso da atualidade, já era um destino turístico procurado por aventureiros. A usina e a cidade onde aconteceu a maior tragédia nuclear da história recebe visitantes do mundo todo, em busca de entender os efeitos da explosão da madrugada de 26 de abril.

Mesmo para quem não viu a série a história de Chernobyl é conhecida. Uma explosão no reator principal da usina lançou radiação por milhares de quilômetros quadrados, por toda Europa. O complexo fica na Ucrânia, que na época era parte da União Soviética.

Quem busca o destino quer sentir um pouco do que os milhares de habitantes de Pripyat – a cidade mais próxima da usina – sentiram ao ter que abandonar suas casas. Mas é também um local para entender o contexto político da época, mesmo com o regime comunista na reta-final, os sinais deste tempo permanecem intactos na cidade, atualmente uma cidade-fantasma.

Grande parte dos passeios para Chernobyl saem da capital ucraniana de Kiev, que fica a apenas 180 quilômetros da área central do desastre. É fácil chegar de ônibus, mas é possível também alugar um carro e passar um dia explorando o local.

Foto: Yves Alarie/ Unsplash

Foto: Yves Alarie/ Unsplash

Segurança

A principal pergunta sobre este turismo radioativo é sempre a mesma: é seguro? Dizem os especialistas – e os guias do passeio – que sim, com uma condição, seguir as regras de segurança com muita disciplina.

Durante o dia inteiro de visita o grau de exposição radioativa é menor do que, por exemplo, tirar um raio-x. É baixo. Mas com a condição de não encostar em nada. Não é permitido sentar no chão ou nos bancos da cidade. Não é permitido encostar em paredes. E só é permitido seguir o roteiro seguro.

Nada de aventuras sozinho.

É possível alugar um contador de radiação para te acompanhar na aventura. Ele terá a capacidade de medir a radiação ao seu redor e pode ser “divertido” ver como os números aumentam ao chegar perto da cidade fantasma. Mas nada de sair com ele para uma aventura solo.

Foto: Jeff Miccolis/ Flickr

Foto: Jeff Miccolis/ Flickr

Estrutura e preço

O tour diário feito por agências especializadas de Kiev não sai por mais de 400 reais por pessoa, em torno de 100 dólares. A alimentação está inclusa. Além disso você deverá fazer um seguro de vida obrigatório, por mais 40 reais (10 dólares).

O almoço é feito na própria usina, no refeitório onde comem – e trabalham até hoje – os funcionários. E a comida é local, portanto, mais uma experiência do passeio.

A estrutura do lugar está quase intacta e é possível explorar prédios, casas abandonadas e um parque de diversões deserto. O local é inteiramente controlado pelo exército e não pode ser acessado por menores de 18 anos, nem acompanhados.

Os guias que te acompanham na viagem são bem treinados e conhecem os locais onde se pode ir e claro, onde tem radiação demais para tal. Para visitar a região de Chernobyl é também obrigatório utilizar blusas com mangas longas, sapatos fechados, calças por razões de segurança.

Foto: Kevin Dooley/Flickr

Foto: Kevin Dooley/Flickr

O que você vai ver em Chernobyl

Para começar há Prypiat, a cidade fantasma, que já teve dezenas de milhares de moradores. A arquitetura soviética já está sendo tomada pela natureza local, então o cenário é de uma cidade desolada.

Pelos escombros você verá objetos pessoais deixados para trás. Muitos deles são falsos, ou melhor, foram deixados ali por grupos que gostam de criar cenários de terror para o local. O melhor exemplo são as bonecas deixadas em janelas ou parques. Provavelmente foram deixadas lá para te assustar.

Você verá também gerações de animais que foram deixados na época do acidente. Os cachorros vivem em média 6 anos por conta da radiação.

É possível entrar em escolas, centros esportivos, casas abandonadas e parques. É possível chegar também até as cercanias do acidente, hoje com uma cobertura tecnológica que impede que a radiação se espalhe mais, chamada de sarcófago. Dá para ver a estrutura metálica bem de perto.

Há também muitos memoriais em homenagem às vítimas da tragédia, em especial trabalhadores da usina e moradores. Neste memoriais existem pequenos museus e até uma loja de lembranças.

A roda gigante do parque de diversões abandonado também é imagem certa do cenário desolador.

Foto: Yves Alarie/ Unsplash

Foto: Yves Alarie/ Unsplash

Respeito

Um relatório do Greenpeace estima que mais de 90 mil pessoas morreram no acidente de 1986 – entre equipes, moradores e gerações impactadas pela radiação. Este número ainda vai aumentar graças aos danos genéticos causados.

Ir a Chernobyl não é fazer turismo comum, não permite selfies sorridentes ou descontração.

É um passeio para gerar reflexão a respeito de uma tragédia sem precedentes que exterminou toda a vida ao redor – não só das pessoas, mas também da natureza – e que por milhares de anos ainda terá seus efeitos sentidos por esse ecossistema.

Após o lançamento da série o turismo na região aumentou entre 30% e 40%, e o número de visitantes deve chegar a mais de 150 mil em 2019. Mesmo acessível, o episódio jamais deve ser banalizado. Merece respeito.

E você, tem coragem?

 

Last modified: julho 2, 2019

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Daniel Krutman
Daniel Krutman
Publicitário de formação, especialista em sociologia do consumo e em marketing digital. Trabalha há mais de 10 anos com conteúdo e marketing esportivo.