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Cicloturista brasileiro de 50 anos vai participar do Cape Epic

Redação Webventure/ Biking

Roma e Lotufo (foto: Alexandre Lima)
Roma e Lotufo (foto: Alexandre Lima)

De simples cicloturista a competidor de uma maratona com 900 quilômetros na África. Segundo o ciclista Mario Roma e a treinadora-competidora Adriana Nascimento, isso é possível com um ano de dedicação. A tese deve ser provada na pele de Tomás de Barros Sawaya, de 50 anos, inscrito no Cape Epic 2007. A prova que praticamente atravessa a África do Sul vai começar no dia 24 de março, terá oito etapas e média de mais de 100 quilômetros por dia.

Tomás vai participar ao lado de Adriana Nascimento. Ambos passaram a temporada 2006 investindo na transformação de uma pessoa comum para um super-atleta. “O Tomás pedala há um tempo, fazia cicloturismo e não era atleta de competição. Começou a competir faz dois anos e ainda assim só para terminar”, adianta a treinadora. “No fim de 2005 ele teve um problema no joelho, uma lesão delicada. Começamos 2006 com um trabalho de musculação, fortalecimento e alongamento. A bicicleta foi introduzida aos poucos, bem gradativamente durante o ano. Em outubro começamos a intensificar as distâncias, já que ele estava mais seguro. Passamos a andar 80 km na estrada, depois aumentou para 100, 120. Hoje já fazemos 150 km tranqüilamente”, comenta.

Para simular os desafios do Cape Epic, a dupla percorreu o Caminho da Fé, entre Aparecida e Campos do Jordão, em novembro. “Em três dias andamos cerca de 380 quilômetros, com um desnível bem grande. Isso foi o mais próximo do que vamos encontrar no Cape que conseguimos simular. E ele passou no teste, tivemos a certeza que dá para terminar a prova”, explica Adriana.

Em boas mãos – Assim que Tomás Sawaya começou o treino para participar do Cape, poucos acreditavam que um dia ele realmente iria conseguir se preparar. Por isso, uma das dificuldades foi conseguir uma dupla. O jeito foi convidar a própria treinadora para a prova.

Adriana também intensificou os treinos, que, segundo ela, podem ser conciliados com a vida na cidade. “Estou trabalhando muito, então treino apenas três vezes por semana, duas horas por seção. Tenho feito muitos treinos em casa, em um rolo onde coloco a minha bike e consigo regular intensidade e velocidade. Falta tempo aqui em São Paulo para treinar em estrada, mas sempre quando posso vou até Campos do Jordão”, comenta.

Ela completa os treinos com musculação “para fortalecer e evitar lesões”, além de muito alongamento. Os fins de semana são dedicados aos treinos na terra. “Quero conhecer a prova, que pelas informações que tive é maravilhosa. Estou indo com um dos meus alunos, que já está um ano se preparando, com o objetivo de terminar e conseguir a camiseta de ‘finisher’”, conclui a treinadora.

Mario Roma, Adriana Nascimento e o preparador físico Alexandre Lima explicam em um bate-papo que qualquer pessoa pode ser capaz de participar de uma prova como o Cape Epic, com muita dedicação, mas sem deixar a vida de lado. A redação do Webventure perguntou para cada um o que é preciso para que uma pessoa comum participe do Cape Epic 2008, confira as respostas:

Mario Roma
Na minha opinião, a palavra principal é planejamento. Em um ano é possível se preparar, com planejamento e ajuda de profissionais. É preciso cuidar do preparo físico, treinar muito de bicicleta e ter acompanhamento na nutrição. O mais importante é ter consciência de que o Cape Epic é uma aventura além da conta de qualquer pessoa, é mais do que se está acostumado, do que se pode agüentar. Por isso precisa ter dedicação e planejamento. O resto é igual para todos. Todos lá são mortais, as dificuldades valem para todo mundo.

Adriana Nascimento
Para começar, é preciso ter a certeza de que a pessoa gosta disso, porque realmente é uma aventura. E também se planejar, isto é, primeiramente passar por um médico e fazer uma avaliação, depois ir para um trabalho de musculação em conjunto com o treino prático até o dia da prova.

Alexandre Lima
A pessoa deve ter em mente que ela irá dedicar um bom tempo ao treinamento. Às vezes isso é complicado, até por questões familiares. Qualquer competição em que se enfrente um desafio, principalmente de resistência que é o caso do Cape é preciso um planejamento minucioso com nutricionista, treinador, preparador, psicólogo, exames clínicos e físicos. É uma dedicação maior do que as pessoas estão acostumadas a ter.

Mario Roma
Para completar e para ninguém desistir disso eu treino duas horas, no máximo, de terça, quarta, quinta e sexta. Faço esse treino de manhã, às oito horas vou para casa e tomo banho, depois vou para o escritório. A musculação dura 45 minutos, geralmente no meu horário de almoço. Assim também não dedico tanto tempo ao garfo, já aproveito e perco peso (risos). Sábado e domingo pedalo de manhã e até 11h já estou de volta com a minha família. Não faço do treino o meu dia inteiro. Eu treino e tenho um trabalho, tenho família, cuido dos meus filhos, vou ao cinema, só não vou na folia. Tenho uma vida comum, como qualquer outra pessoa. O segredo na vida para tudo é planejamento. 24 horas não é tão pouco assim.

No início de fevereiro o ciclista português Mario Roma realizou os últimos testes antes do Cape Epic 2007, o segundo de sua carreira. Ele teve a supervisão do Dr. Renato Lotufo em um teste que inclui a sua própria bicicleta e mede a capacidade cardíaca do atleta.

“Com esse teste medimos a capacidade de ele gerar energia. Um teste aeróbio. Em cada carga, pelo volume de ar aspirado e o quanto de oxigênio que se usa para gerar energia, dá para ter uma idéia da capacidade do atleta”, explicou Lotufo. O objetivo é encontrar o limiar anaeróbio e a capacidade aeróbia máxima. Com essas informações, dá para saber quando e em que carga o atleta atinge o máximo de sua capacidade, e assim aprimorar os treinamentos.

No caso de Mario Roma, o resultado foi positivo. “Ele melhorou resistência e intensidade, o que significa que consegue fazer força por mais tempo. Hoje consegue levar seus batimentos até 170 por minuto e manter isso por muito tempo. Antes, com 160 já começava a cansar”, disse Adriana Nascimento.

Para o ciclista, mudar o treinamento foi fundamental para a melhoria da capacidade cardíaca. “É um trabalho de paciência. Como um jogo xadrez. Fui melhorando por causa de um treino organizado. Conforme o tempo passou percebi que o importante é a qualidade do treino, e não quantidade”, comentou Mario Roma.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa

Last modified: fevereiro 21, 2007

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