Para alguns, uma viagem pela serra, um passeio de barco ou uma simples volta na roda-gigante podem se tornar verdadeiros pesadelos. São as pessoas que sofrem da cinetose, um tipo de labirintopatia, também conhecida como o “mal do movimento”. Com receio de passar mal nestas situações, há até quem se prive de atividades tão prazerosas.
“A cinetose também pode acontecer em filmes em 3D ou programas com muitas luzes. Isto causa um estimulo no labirinto que se manifesta por náuseas e tonturas, durante o período de exposição, além de dificuldades em focar uma imagem e enxaqueca frequentemente, ao se deparar com a necessidade de fixação visual. Pode ocorrer em qualquer faixa etária”, explica a doutora Maura Neves, otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus.
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A doença poder ser hereditária ou desenvolvida ao longo da vida, como explica Jeanne Oiticica, otorrinolaringologista e otoneurologista do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP. “É frequente em adultos e crianças com enxaqueca. Os sintomas se exacerbam frente a diversos gatilhos, incluindo o consumo de doces, fatores hormonais, jejum, privação de sono, álcool, café, entre outros”.
A cinetose se manifesta da seguinte maneira: a informação captada pelo nosso campo visual entra em conflito com a informação de aceleração da cabeça, em determinada situação de movimento, por exemplo, carro, ônibus, barco, brinquedos de gira-gira, trem, navio, avião, entre outros. “Este conflito, processado no sistema nervoso central, ativa a área postrema (centro do vômito) e gera sintomas como mal estar, enjoos, náuseas, vômitos, tontura, fadiga”, explica Jeanne.
O otorrino Luis Miguel Chiriboga dá um exemplo de como é a sensação de quem sofre com a doença. “Um exemplo é estar sentado lendo em um trem e o mesmo começa andar. As informações estão em movimento, mas o corpo não e é isso que desencadeia a cinetose”, exemplifica.
Para quem sofre com isso não se aflija, existe tratamento para a cinetose, como explica Maura. “Há tratamento com reabilitação vestibular, uma “fisioterapia para o labirinto”. Com esta terapia podemos controlar e evitar. No momento da crise, ou caso você saiba que ela correrá é possível utilizar medicamentos específicos para controle”, explica.
Se você corre, pode ficar tranquilo! A cinetose não é desencadeada através deste esporte, a não ser que você pratique no convés de um navio em movimento, como explica Jeanne. “Algumas atividades implicam em maior conflito visual-vestibular, por exemplo: balé, remo, ski, esportes aquáticos. Para pessoas com cinetose estas atividades acabam aumentando e reforçando o ganho dos reflexos, o que é bom, como forma de terapia. O único detalhe é que elas terão maior dificuldade de desempenho, do que pessoas sem cinetose, durante as situações de treino, em especial no início.”.
Para diminuir os sintomas você precisa evitar determinadas situações já citadas a cima. Porém pelo aspecto social restritivo a sugestão procurar tratamento especializado, a fim de evitar transtornos na qualidade de vida e produtividade social.
Jeanne explica que quem pratica exercícios pode ter uma vida normal, mesmo convivendo com a doença. “A prática de exercícios físicos para alguém com cinetose pode ser mais difícil no começo, a depender da atividade física escolhida, mas a longo prazo é benéfica pois aprimora o ganho dos reflexos, reduz o enjoo e o mal estar em situações de conflito”, explica.