Colin Haley contou detalhes das principais escaladas de sua vida (foto: Pedro Sibahi)
A aguardada palestra de Colin Haley, escalador norte-americano que desbravou importantes vias na Patagônia, rolou nesse sábado (28), na 1ª Semana Brasileira de Montanhismo. Ele contou histórias desde seu início na escalada até as mais recentes empreitadas, como a ascensão do Torre Transverso, uma via juntando a Agulha Standhart, a Punta Heron, Torre Egger e o Cerro Torre.
Morador de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos, Colin começou a escalar nas Cascade Montains e, conforme alcançava seus objetivos, migrou aos poucos para o Canadá. Eu queria picos maiores, e nos Estados Unidos eles vão diminuindo em direção ao sul, explicou.
Na primeira vez que o norte-americano viu uma imagem do Cerro Torre, ele ainda tinha 12 anos e, desde então, sonhava em escalar aquele pico. Com esse objetivo em mente, Colin viajou à Patagônia em 2008 e escalou não apenas o Cerro Torre, como ainda fez a travessia Torre Traverso com o argentino Rolando Garibotti, entre outras ascensões.
De sua experiência na Patagônia, Colin diz que aprendeu a importância de ser um escalador completo, pois a região tem paredes que requerem habilidades específicas para gelo, rocha e ascensão artificial.
Conquistas cariocas. Já a dupla formada pelos brasileiros Sérgio Tartari e Alexandre Portela contou um pouco de suas empreitadas na década de 1980, quando abriram o primeiro big wall do país, a via Tragados Pelo Tempo.
Na época, os dois foram considerados prostitutos da montanha por algumas pessoas das associações de escalada locais. Eramos mal visto porque queríamos trabalhar como guias profissionais. Falavam que éramos malucos e íamos morrer rápido, relembrou a dupla.
Na época em que eles começaram a subir nas ainda virgens paredes cariocas, era comum usar tênis de passeio como Conga e Kichute. Com esse tipo de equipamento, eles ainda abriram outra importante via na Serra dos Órgãos, a Terra de Gigantes.
A história dessa via recebeu atenção especial dos escaladores, que relembraram como o projeto da escalada foi roubado por um grupo francês. Os estrangeiros chegaram enquanto Sérgio e Alexandre estavam dando uma pausa para pegar mantimentos, e quando voltaram, encontraram a via ocupada pelos gringos.
Após muita briga, os franceses acabaram terminando o projeto que ficou conhecido como a via Franco-Brasileira, e a dupla carioca finalizou tempos depois a Terra de Gigantes, como uma variação na mesma parede.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi, direto do Rio de Janeiro