Natalia(Rússia) Maldame (França) e Karol no evento (foto: Arquivo Pessoal/ Karol Meyer)
Foi, sem dúvida, o encontro mais importante das Américas relacionado ao esporte mergulho livre neste ano, pois reuniu vários recordistas mundiais e, ainda, a nova geração do esporte, tais como: o grande neozelandês Dave Mullins (com seus 15 litros de pulmão!), Ryuzo Shinomiya, Wiilian Winran, William Trudbridge, Kathryn Macphee, Natalia Avseenko,Eric Fattah (com seu mergulho negativo inacreditável!), Leo Muraoka, Megumi Matsumoto, Tomoko Yamanouchi, Guillaume Nèri, Frank Pernett, Christian Maldame, etc. Atletas de elite com os quais convivi e troquei informações valiosas por vários dias.
A competição serviu de treinamento para o próximo projeto. Inobstante a colocação, foi uma vitória sobre uma série de dificuldades: o destino era distante, o local não possui a infra-estrutura básica ou mesmo condições mínimas para recepcionar um turista, muito menos um mergulhador tais como: supermercados, farmácias, hospitais, comércio – muito menos lojas de equipamentos de mergulho.
O meu planejamento de treinamento foi completamente afetado pelo extravio de todas as minhas bagagens pela TAM. Foram dias cruciais, sem quaisquer equipamentos (roupas de neoprene, máscaras, lastros, nadadeiras, cabo de segurança, etc) ou alimentação adequada (glicogel, proteinas, carboidratos, cereais, vitaminas).
Tudo que havia sido preparado minuciosamente durante semanas para que eu pudesse manter o correto equilíbrio e rendimento nos mergulhos. As bagagens estavam perdidas em algum lugar entre Rio de Janeiro e Miami, sem que as companhias aéreas intervenientes se responsabilizassem pelo ocorrido.
O stress de não ter informações, ou, pior, de ter informações totalmente desencontradas aliadas ao péssimo atendimento diário pelas companhias aéreas, sem sequer saber se conseguiria treinar, tomou conta por uma semana e, infelizmente, acabei sofrendo um acidente no mergulho.
Dias depois do acidente decidi retornar à água para “matar o monstro” lá mesmo, e consegui realizar, não obstante as adversidades, a performance no lastro constante com -53m, marca bem inferior às quais vinha alcançando.
Outros fatores que normalmente interferem nas performances dos mergulhadores também faziam-se presentes.
Na seqüência, tivemos um período de mal tempo e o tão famoso Blue Hole (Buraco Azul) ficou literalmente negro. Chegamos a ter somente um metro de visibilidade, motivo pelo qual tive que recuar demasiadamente nas marcas.
A segurança nesses dias deixou muito a desejar. Faltou apoio para que os atletas pudessem se concentrar. Além disso, a fase de treinamento contou somente com um único e precário sistema de segurança.
O cabo carecia de medições adequadas e o apoio e a segurança de superfície simplesmente inexistiram. Tais falhas que não poderiam acontecer em eventos dessa natureza.
Mas a experiência é sempre válida. Recuperei-me de forma rápida. Retornei no momento certo. Agi de forma prudente e realizei a performance possível dentro das circunstâncias. Os raros bons dias de treinamento serviram para mostrar que, em breve, estarei realizando novos recordes.
Valeu a aventura pelos treinos, pelos amigos que pude rever e pelos tantos outros que ganhei! Agora é focar no próximo Indoor, provas de profundidade e recordes para o decorrer do ano.
Este texto foi escrito por: Karol Meyer