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Coluna do Deco: Giniel De Villiers e Dirk Von Zitzewitz dão o sonhado título do Dakar à Volkswagen


Presença do públioco foi marcante (foto: Donizetti Castilho/ www.webventure.com.br)

Deco Muniz, navegador e diretor de prova do RallySP, comenta o último dia de Rally Dakar e a vitória da Volkswagen.

Chega ao final a edição 2009 do maior rali do mundo e Giniel de Villiers e Dirk Von Zitzewitz conseguem transformar em realidade o sonho de vitória da Equipe Volkswagen. A marca alemã chega a sua segunda vitória no Dakar, mas a primeira como equipe oficial. Venceu também em 1980, na segunda edição da prova, com os alemães Freddy Kottulinsky/ Gerd Löffelmann, a bordo de um jeep Iltis da montadora.

Méritos para a dupla campeã, que demonstrou desde o primeiro dia que vinha para brigar pela vitória. Problemas em três dias consecutivos, no início da segunda metade da prova, quase complicaram a vida do piloto sul-africano e seu navegador francês. Mas o acidente que tirou Carlos Sainz/ Michel Perin – até então líderes da prova – na 12ª especial, deu a tranqüilidade necessária a dupla de mostrar o seu talento.

Mark Miller e Ralph Pitchford foram os vice-campeões, mantendo uma regularidade impressionante durante a competição. Talvez tivessem condições de brigar pela vitória, mas seguiram ordens da equipe e deixaram de atacar a dupla campeã a partir da 13ª etapa.

Fechando o pódio, em terceiro lugar ficaram Robby Gordon e Andy Grider, com um buggy Hummer H3. O carro foi desenvolvido e é preparado pelo próprio piloto, com base nos veículos utilizados por ele nas provas de Baja nos Estados Unidos. Um resultado realmente fantástico para uma equipe privada.

Rali multimarcas – Aliás, o grande número de marcas presentes entre os 10 primeiros colocados também foi um grande diferencial nesta primeira edição do Dakar em terras sul-americanas. Destaque para a Nissan, que com o modelo Navarra, colocou dois carros entre os cinco primeiros. Lembrando que são equipes privadas e que não contam com nenhuma estrutura da montadora.

Em 4º lugar ficaram o norueguês Ivar Erik Tollefsen e o inglês Quin Evans com o carro numero 327. Logo atrás, em 5º lugar, o carro 317 do polonês Krzysztof Holowczyc e do navegador belga Jean-Marc Fortin.

Fechando esse mundo multimarcas, temos em 7º lugar uma L-200 Triton dos tchecos Miroslav Zapletal/ Tomas Ourednicek (melhor Mitsubishi da prova), em 8º lugar os russos Leonid Novitsky/ Oleg Tyupenkin com uma BMW X3, mesmo carros da dupla nona colocada, os franceses Guerlain Chicherit/ Matthieu Baumel. Destaque ainda para a Isuku, com a 11ª posição dos austríacos Bruce Garland/ Hiroaki Suzuki, a bordo de uma picape D-Max.

Esta é a primeira vez desde 2000, que as cinco primeiras posições não ficam somente com as equipes oficiais. Naquela ocasião, Stephane Peterhansel/ Jean-Paul Cottret foram vice-campeões da prova com um modelo Mega Desert, um protótipo à gasolina, com motorização Mitsubishi.

Vale lembrar que neste período Jean-louis Schlesser, venceu a prova por duas oportunidades e foi ao pódio outras tantas com seus buggys de fabricação própria.

Mas o francês, assim como Robby Gordon esse ano, sempre teve o apoio muito forte de grandes montadoras, entre elas a Renault e a Ford.

Analisando os números – Dos 177 carros que largaram em Buenos Aires, apenas 90 largaram hoje no último dia da prova, ou seja, quase 50% dos competidores ficaram pelo caminho, até a largada desta última especial. Um número bastante elevado. A prova foi, com certeza, muito mais dura e complicada do que a organização esperava.

Os brasileiros Jean Azevedo e Youssef Haddad tiveram problemas hoje e não aparecem mais na classificação após o km 88 dos 227 da especial de hoje. Eles devem perder a 25ª colocação que ocupavam ontem, mas devem contar com a auxilio de André Azevedo para terminar a prova. Poderiam ter ido um pouco melhor, mas problemas no motor do seu carro atrapalharam muito os planos da dupla.

A dupla Paulo Pichini/ Lourival Roldan, conseguiu atingir seu objetivos. O piloto com muita garra e bom humor, soube superar os desafios e a extrema dificuldade da prova, conseguindo uma grande vitória pessoal, ao cruzar a rampa de chegada em Buenos Aires. Hoje fizeram sua melhor participação e terminaram o dia em 41º lugar. Em sua primeira participação, numa das edições mais duras da história da prova, o estreante Pichini chega ao final e volta pra casa, muito mais experiente e muito mais motivado para as provas brasileiras.

Findada a edição 2009 do Dakar, duas grandes lições ficam da prova. É possível sim se ter uma prova muito competitiva e muito difícil tecnicamente mesmo fora da África. A presença do público durante todas as especiais é uma coisa que jamais será vista em outro continente e, com certez,a vai ser levada em conta pela organização na hora de decidir onde será a próxima edição da prova.

E por fim, é muito bom ter o maior rali do mundo aqui tão perto da gente. E que em 2010 muitos mais brasileiros estejam por lá para representar nosso país. Espero ser um deles!!!

Este texto foi escrito por: Deco Muniz