Nasser foi o piloto mais constante na temporada 2008 (foto: Divulgação)
Deco Muniz, navegador e diretor de prova do RallySP, fala da primeira colocação do piloto Nasser Al Attyah, do Qatar, no primeiro dia de Rally Dakar. Ao contrário de muitos que o apontaram como surpresa, seu histórico aponta o contrário.
Em momento nenhum Nasser Al Attyah pode ser considerado surpresa. O piloto tem histórico e, dos pilotos oficiais de fábrica em 2008, foi de longe quem mais quilometragem fez em competições oficiais.
Ele simplesmente é campeão mundial de Cross-country FIA e campeão mundial de Baja FIA 2008 (são dois campeonatos distintos), único piloto a correr todas as etapas do mundial de Cross-country em 2008 e quase todas do mundial de Baja (só não fez a última em Portugal).
No Dakar 2007, só não terminou em quarto na geral porque levou uma penalização de mais de duas horas na especial minúscula do último dia – 16 quilômetros em volta do Lago Rosa, em Dakar, caindo para o sexto lugar. Para se ter uma idéia, ele estava em quarto desde a 8ª etapa. Muito constante.
No Rally Transibérico do ano passado, ganhou todas as especiais em cima dos Mitsubishi do Peterhansel e Alphand, até quebrar no último dia e dar a prova de presente ao Alphand.
O cara é rápido e aprendeu a ser constante. Foi quem mais trabalhou dentre todos os pilotos de fábrica. No vídeo oficial da organização é apontado como um dos favoritos. No site da Autosport Portugal é apontado como um dos favoritos. Em diversos sites europeus de rally todo-terreno é apontado como um dos favoritos.
E no meu singelo conhecimento de rali é favorito ao Dakar ao lado do Carlos Sainz e do Giniel de Villiers, ambos da Volkswagen.
Novo carro – A Mitsubishi, com toda sua competência e organização indiscutível, vem de carro novo, que só correu uma prova em Portugal – Vodafone 500 – com um único carro do Peterhansel. Desenvolver o novo e torná-lo confiável não é tão simples assim. Ainda mais numa prova de longa duração como o Dakar, que não admite erros.
Existiu nesta janela de dois anos do Dakar muito desenvolvimento e investimento, que não podem ser descartados na hora de se noticiar o que a realidade das pistas está mostrando.
VW e BMW cresceram demais. De Villiers e Nasser Al Attyah cresceram demais e não é só o último Dakar que deve ser levado em conta na hora de apontar os favoritos. A prova não é mais na África e a capacidade de “ler as dunas” que o Peterhansel tem (o grande diferencial do francês), pode não fazer a diferença a seu favor no novo roteiro.
Pra piorar, ele (Peterhansel) nunca correu aqui na América do Sul. Nasser Al Attyah correu duas vezes… A sorte está lançada, mas o que vai pesar muito mais no final é principalmente o desenvolvimento dos últimos dois anos aliado ao talento das duplas participantes.
Este texto foi escrito por: Deco Muniz
Last modified: janeiro 4, 2009