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Coluna Photoverde: Transrockies Run, o desafio das Rochosas


Premiação foi de 20 mil dólares (foto: Márcio Bortolusso)

O colunista do Webventure, Márcio Bortolusso, escreve sobre o desafio de participar da Transrockies. Ele é montanhista e documentarista da Photoverde Produções e único membro da imprensa a acompanhar atletas nas mais duras Corridas de Aventura. Acompanhe o relato.

Gore-Tex Transrockies Run, a Travessia das Montanhas Rochosas, a maior cordilheira da América do Norte. Se fosse preciso descrever esta ultramaratona em poucas palavras, acho que seriam com estas: a prova mais bem organizada e de maior astral que eu já vi!

E quando digo bem organizada, comparo com as principais do mundo que tive a oportunidade de documentar, dos Alpes à Patagônia. Ao final de cada estágio, os atletas encontravam um novo acampamento montando, com suas malas, comida de primeira, assistência médica (unidade móvel equipadíssima) e até mesmo uma equipe de massagistas e banho quente em uma impressionante carreta com banheiros.

Acostumado a documentar Corridas de Aventura lado a lado com os competidores, por vezes acompanhando os alucinados líderes das provas, aceitei o convite dos organizadores e parti para o estado americano do Colorado.

Reunindo 110 atletas de 10 países, que correram durante cinco dias em um dos lugares mais belos dos Estados Unidos, esta mega competição surgiu graças ao sucesso da Gore-Tex Transalpine Run, famosa competição que cruza os Alpes e que já se tornou um clássico entre as Corridas de Montanha. A organização ficou sob a responsabilidade do grupo que organiza a Transrockies, clássica travessia das Rochosas Canadenses de bike.

Início> – A prova começou em Beaver Creek e, após cerca de 165 quilômetros de trilhas e estradas de terra, passando por áreas selvagens repletas de ursos e lendárias cidades do “velho oeste” americano (com saloons centenários e tudo mais), com desníveis acumulados de mais de 8.300 metros e singletracks que alcançaram quatro mil metros de altitude, se encerrou em Aspen. Haja fôlego!

Trata-se de um evento ponto-a-ponto, disputado em duplas e subdividido em estágios diários, realizados nos belíssimos parques White River e San Isabel National Forests, por entre os “Fourteeners do Colorado”, as mais altas montanhas dos EUA, com mais de 4.267m.

Para os atletas presentes, a grande curtição deste tipo de prova é que apesar da ralação diária, o evento foi um grande encontro entre pessoas com os mesmos amores em comum: correr, fazer amigos, curtir a natureza e festejar. Pois ao final de cada dia, todos os atletas se reuniam em um acampamento com dezenas de barracas para um saboroso jantar e para assistirem fotos e vídeos dos melhores momentos do dia, sob um clima de descontração e camaradagem. Após a celebração, com menções do primeiro ao último rankeado, a sensação era a de que todos eram vencedores.

Apesar da gana de alguns pelo prêmio de 20 mil dólares (dividido entre as categorias Open, Mulheres, Mista e Homens somando 80 anos), mal se percebia o clima de competição, com a camaradagem dos atletas se estendendo do café da manhã até a entrega da última medalha.

Logo no primeiro dia, para variar os demais dias de céu azul, os atletas enfrentaram um temporal no topo da Vail Mountain (3.490m), com direito à chuva de granizo, nuvens negras e ventos que assustaram muitos atletas.

No segundo dia, o topo das montanhas foi coberto com um incrível tapete de neve, que deixou as trilhas escorregadias, ofertou sensação térmica de até -10º C e criou cenários fantásticos para os fotógrafos. Completando o espetáculo, as florestas de aspen (planta símbolo regional) tingiam as montanhas com enormes manchas amarelas e laranjas.

Vencedores – Mas a história que mais marcou a Gore-Tex Transrockies Run foi a de Erik e Kyle Skaggs, jovens irmãos de grande carisma e humildade. Apelidados de “Aliens”, “Mutantes” e “aberrações da natureza” pelo seus inacreditáveis desempenhos, os Skaggs Brothers, como ficaram conhecidos, praticamente ganharam a prova de ponta a ponta. Apenas no último dia eles foram ultrapassados, mas venceram a prova após se qualificarem em primeiro lugar nos demais estágios.

Até tentei acompanhá-los em determinado momento da prova, mas logo reduzi o ritmo e fui documentar as demais equipes, ao descobrir porque eles representam a nova onda dos ultra-corredores, considerados como os atletas que estão reescrevendo o livro dos recordes.

Após dar minhas corridinhas junto com algumas equipes, enfim a felicidade de completar o último estágio. Um pouco envergonhado pela recepção calorosa do público presente e pelos elogios empolgados do locutor (que insistia em apresentar o “brazilian photographer” a cada estágio), voltei para casa com minhas câmeras ainda mais arranhadas, com centenas de fotos e vídeos e com uma medalinha simbólica pelos meus esforços como documentarista (ou seria pelo repórter com a maior língua de fora…).

Mas com certeza as ótimas lembranças na memória e os novos amigos são o maior troféu que eu poderia trazer para casa.

A próxima edição da prova já tem data marcada para ocorrer: 25/08/08. Vamos ver se desta vez com atletas brazucas participando também. Para saber mais sobre esta edição ou se inscrever na próxima: www.transrockies.com.

Este texto foi escrito por: Fernanda e Márcio Bortolusso