Foto: Pixabay

Com desabafo, Seabra muda de coadjuvante a olímpico

Redação Webventure/ Biking

Seabra vibra com a conquista: Não me enxergava em Sydney (foto: Divulgação)
Seabra vibra com a conquista: Não me enxergava em Sydney (foto: Divulgação)

Ele veio para a equipe Caloi com a missão de ajudar o companheiro Ivandir Souza Santos, o Kamon, a conquistar o título Brasileiro. Mas Renato Seabra, de 22 anos e estreante na Elite, arrebatou não só o campeonato, como a vaga para as Olimpíadas de Sydney, em setembro. Na semana passada, antes da final do Brasileiro, ele não deu nenhuma entrevista. Só nesta terça, após a conquista, foram seis. Considerado uma “surpresa”, Seabra só espera a vitória promova a igualdade no mountain bike brasileiro. “Não é só o Márcio Ravelli que está correndo”, desabafa.

Aliás, Seabra só deixou toda a emoção vir à tona quando cruzou a linha de chegada na prova de Itatiaia (RJ), na manhã do último domingo, já aos prantos. Ravelli, favorito à vitória, que o levaria à segunda olimpíada, largou na frente, disputou boa parte da corrida com Seabra e teria tido um problema no pedal, que o levou a parar e perder um tempo precioso, terminando em sexto lugar. Mas o campeão tem outra versão para o que aconteceu durante a prova. “O Ravelli caiu. Ele abusou um pouco na descida, descendo na loucura. A gente que tá no esporte há cinco anos não tem por que descer desse jeito… Ele caiu feio, passei do lado dele e perguntei se estava tudo bem, mas em momento algum não vi o problema com o pedal. Falam que ele desmaiou, não aconteceu isso, eu passei por ele…”

Seabra acreditou que o rival iria se recuperar. “Não achei que a corrida estava ganha, ele só tinha levado um tombo, estava até se levantando. Só tive certeza da vitória quando cruzei a linha de chegada”, conta.

Todos por um – Os demais adversários não tiveram chances – Seabra voou na pista. A briga maior, diz ele, foi mesmo contra o que às vezes chama de ‘humilhação’ ou ‘descrença’ nas chances da equipe Caloi. “A gente já estava engolindo muita coisa porque tinha uma mídia muito grande em relação ao Márcio (Ravelli)e ninguém acreditava na equipe Caloi. Mas superamos tudo isso que fizeram contra a gente e vencemos. Sempre trabalhamos em função da equipe, nos preparando na casa do Kamon, em Itatiba, pensando na vaga olímpica para um de nós dois”, comenta. “Não estou denegrindo a imagem dele, mas não é só ele no mountain bike.”

Seabra não surgiu do nada; ao contrário este é seu quarto título brasileiro. Ele já foi campeão na Júnior, em 95 e 96, e na Sub-23, em 98, além de ter sido bronze no Pan do México. E confessa que não esperava ser o dono da vaga nas olimpíadas, mas já planeja uma boa participação. “Não vou ter descanso, começo a treinar nesta semana para o Mundial da Espanha (em junho) e então me prepararei para Sydney”, avisa. A desvantagem é que Seabra ainda não participou de provas internacionais nesta temporada. “A Confederação Brasileira de Ciclismo prometeu levar o campeão para correr ou na Europa ou nos EUA.”

Antes, uma paradinha em Marília, cidade-natal do vencedor, para onde ele iria nesta noite comemorar com a família, já que ninguém é de ferro…

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: maio 16, 2000

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure