A edição 2015 do Rally dos Sertões começou com 115 pilotos, sendo que dois desses são mulheres. Moara Sacilotti compete com as motos na equipe Sacilotti Rally e Helena Soares é a única piloto na categoria carros. Além delas, duas mulheres são navegadoras: Claudia Grandi e Minae Miyauti.
O dia a dia no rally não é tão simples para as mulheres. Elas têm que conviver com as mesmas coisas que os homens, poucas horas de sono, comidas improvisadas e muita sujeira. Mas, além disso, fazer parte dessa minoria do off road traz algumas dificuldades.
Eu costumo dizer que a parte mais difícil do rally é o banho, brinca Moara. O banho demora, tem que passar um monte de coisas, pentear o cabelo, passar creme e essas coisas são muito chatas. Às vezes eu acho que perco muito tempo e poderia estar cuidando da minha moto.
Terminar a especial suja e continuar andando pelo parque de apoio direto da prova também incomoda. Eu não gosto de sair da moto e ficar parecendo um troglodita, eu sou pequenininha, magrinha, loirinha, então eu quero estar apresentável quando eu tiro o equipamento, comenta a piloto.
Depois disso, a rotina é a mesma dos companheiros de competição. O resto do dia é para cuidar da moto, conversar bastante com os mecânicos, testar algumas coisas e fazer fisioterapia, que os meninos também fazem, conta.
Existe outra grande dificuldade para as mulheres que participam do rally: as vontades emergenciais de ir ao banheiro. Os homens têm a facilidade de ontem estiverem poderem fazer xixi e a gente não. Principalmente na hora da largada, sempre dá vontade, não tem aonde ir e eles estão todos ali, conta a piloto Helena Soares.
Para evitar imprevistos, Helena prepara uma bolsa para deixar dentro da caminhonete e mais uma em cada carro de apoio com protetor solar, sabonete, produtos de higiene pessoal e uma muda de roupa. Já aconteceu de meu carro quebrar e eu ficar dois dias presa em Barra do Corda (MA) sem ter meus produtos comigo.
Elas representam muito bem o que é ser uma mulher forte, guerreira, que vai atrás do que quer e, nesse caso, vão bem rápido. Na verdade esse é o mundo dos homens, é um esporte muito bruto, nós que somos intrusas, mas eu não largo de jeito nenhum, finaliza Moara.
Este texto foi escrito por: Isabela Rios/Webventure