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Como evitar que seu cilindro de ar seja contaminado por CO


A contaminação do cilindro por CO é raro mas se ocorrer costuma ser fatal (foto: Arquivo Webventure)

No dia 4 de março, a canadense Ronda Cross morreu enquanto mergulhava no México. Segundo jornais de sua cidade natal, Calgary, ela foi intoxicada por monóxido de carbono (CO), que teria contaminado seu cilindro de ar. Esse tipo de contaminação é raro, mas se ocorrer, costuma ser fatal.

O corpo humano tem baixíssima tolerância ao monóxido de carbono, gás liberado durante a combustão incompleta. A quantidade segura que podemos inspirar de CO é de apenas 10 partes por milhão, ou seja, em um cilindro de 100 litros, poderia haver apenas um mililitro de CO.

O desmaio é a defesa do corpo contra esse gás. Se uma pessoa está em terra firme num ambiente com CO, cair no chão por conta da perda dos sentidos também pode salvar sua vida como o gás tóxico é mais leve que o ar, ele sobe, deixando o ar de baixo mais limpo. Entretanto, no caso de mergulhadores, a consequência é o afogamento.

“O monóxido de carbono tem 300 vezes mais afinidade com a hemoglobina [proteína existente no sangue] do que com o oxigênio”, explica o médico DAN (Divers Alert Network), Matias Nochetto. “Isso significa que, frente a 300 moléculas de oxigênio e só uma de CO, as chances de uma de hemoglobina se associar com os dois grupos são praticamente iguais.”

Quando ocorre o agrupamento com o CO, forma-se o composto carboxi-hemoglobina, que demora muito tempo para se desfazer essa concentração só vai cair pela metade depois de 4 horas e meia. Antes disso, a pessoa pode morrer por asfixia. A única maneira de eliminá-lo é inalando oxigênio, preferencialmente dentro de uma câmara hiperbárica.

Os sintomas de intoxicação são dor de cabeça, enjoo, confusão mental, sonolência, perda de consciência e até arritmia cardíaca. “Independentemente da suspeita de intoxicação por CO, o mergulhador e a sua dupla devem se comunicar sobre a existência de um problema. Se não houver certeza sobre a causa, deverão sair da água imediatamente”.

Prevenção. A intoxicação por monóxido de carbono em geral ocorre por conta de uma contaminação da fonte de ar. Para encher os cilindros usados no mergulho recreativo é utilizado um compressor mecânico, que pode injetar CO se ele estiver com defeito ou se for colocado em um lugar inadequado.

Segundo Matias, a entrada de ar do compressor deve estar em local protegido, fora do recinto onde fica a máquina, com sinalização de que ali ocorre esse procedimento e placas como ‘proibido fumar’. “Às vezes, os compressores são literalmente banhados em óleo velho para prevenir a formação de ferrugem. Isso também é perigoso, pois esses lubrificantes podem liberar CO e outros gases, mesmo sem combustão. Por isso, a limpeza do compressor é muito importante, principalmente quando a entrada de ar se localiza no mesmo cômodo.”

Sempre que escolher uma operadora de mergulho, questione sobre a manutenção dos cilindros. Ter boas referências e pesquisar sobre histórico de acidentes também é importante. É possível adquirir um analisador de ar sensível ao monóxido de carbono, mas o investimento é pesado. No Brasil, a SeaSub (www.seasub.com.br) vende o Analox a R$ 2.200. Outra opção é o OxyCheq (www.oxycheq.com), que custa US$ 400 e pode ser comprado no site da marca.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi