Scheidt não está acostumado ao segundo lugar (foto: Alexandre Koda/ www.webventure.com.br )
Direto do Rio de Janeiro – Esse sábado foi dia de Medal Race na vela do Pan, prova que serviu para definir os medalhistas da 15ª edição dos Jogos. O dia amanheceu nublado e com uma fina garôa, mas os ventos demoraram a aparecer e só resolveram dar o ar da graça por volta das 15h. Confira o que acharam os brasileiros.
A J24 do Bruschetta sailing team fez uma prova de recuperação, já que não competiu a primeira regata, mas venceu quatro das sete outras disputadas. Maurício Santa Cruz, o Santinha, imaginou que eles nem fossem disputar o campeonato devido à lesão do proeiro João Carlos Jordão. Foi uma superação, a semana foi bem difícil, com os ventos muito instáveis, ressalta o comandante.
Na RS:X masculina o sempre solícito Bimba ficou muito feliz ao vencer o Pan e comemorou muito ainda dentro da água, junto com sua esposa Paula, que estava dentro de um bote. O terceiro colocado, David Miyer, do México também vibrou com a conquista do amigo pessoal e parceiro de treino.
Apesar de ganhar um mundial não se comparar a um pan, estou muito feliz por essa conquista. Faltava ganhar aqui no Brasil. Infelizmente o David não ganhou a prata, mas está ótimo, agora vou tirar uns dias para descansar, comenta o velejador. Sobre a polêmica envolvendo o Hobbie Cat dos brasileiros, ele diz que prefere não entrar no mérito, mas tem certeza que os companheiros mostraram a superioridade na água.
Jovem revelação – Na prancha à vela feminina, Patrícia Castro ficou a um ponto de obter o ouro em sua primeira participação em Pan-americanos e no início a prata lhe pareceu um prêmio de consolação. Após cruzar a chegada em primeiro, mas com a canadense Dominique Valée em segundo, a atleta mais nova da delegação de vela chorou copiosamente por não ter obtido a vitória.
Esse resultado foi importante já que não tenho patrocínio e penso em ir às Olimpíadas. Eu tinha que colocar alguém entre mim e a Dominique, o que eu consegui até o primeiro popa, mas infelizmente não veio o ouro. Mesmo assim a prata é ótima. A canadense foi prata no último pan e diz que fez uma promessa a si mesmo que ganharia no Rio de Janeiro.
Na classe Laser, Robert Scheidt teve que se contentar com o segundo degrau do pódio, colocação que ele não está acostumado a ocupar. Apear das reclamações de vento, achei que esse pan foi justo, ressalta. Recém chegado do Mundial de Cascais onde venceu o título na Star ao lado de Bruno Prada, ele teve dificuldades para se readaptar ao laser. Tive pouco tempo para treinar, no fim da competição melhorei, mas sabia que era complicado.
Apesar de já ter conquistado oito campeonatos mundiais na classe, ele diz que ainda faltava participar de uma disputa no Brasil. Infelizmente não tivemos público e não teve transmissão ao vivo pela tv devido ao mal tempo. Ele completa dizendo que está de alma lavada em relação à classe que o consagrou.
Na Laser Radial, Adriana Kostiw agradeceu a Eolo o vento que soprou na Baía de Guanabara e que lhe proporcionou uma vitória na medal race e o bronze do Pan. Após todas as contas na soma dos resultados, a brasileira diz qual é a sensação de um pódio em casa.
Esse bronze vale ouro. Comecei muito embaixo no campeonato, vim subindo e hoje contei com a força de Deus e uma ajuda matemática. De acordo com a velejadora, ao montar a primeira bóia ela tentou se distanciar ao máximo das adversárias e nem olhou para trás. Quando estava próxima da chegada é que eu virei para conferir onde elas estavam.
Superações – Na classe Lightning, o trio formado por Cláudio Biekarck, Gunnar Ficker e Marcelo Silva garantiu um bronze, após uma largada escapada junto com o barco do Equador. Para garantir que não houvesse uma punição por OCS (barco que largou escapado e não retornou), eles acabaram refazendo o procedimento de saída. Tentamos fazer a manobra o mais rápido possível para tentar recuperar, ressalta Cláudio. Ele elogiou a organização dos jogos e dá um aviso aos navegantes em relação à próxima disputa intercontinental. Vou estar com 60 anos, mas se derem mole eu estarei na briga de novo.
Por fim, Alexandre Paradeda e Pedro Tinoco, que obtiveram a terceira medalha dourada para o Brasil na Snipe, venceram a Medal Race e fecharam com quatro pontos de vantagem sobre os adversários, os uruguaios. Pouco antes do início da regata, quando todos os velejadores aguardavam a chegada do vento, Xandy comentou: está chegando um sudoeste, vai ter regata. A previsão estava certa e poucos minutos depois o vento chegou com tudo.
Já em terra, na Marina da Glória, ao ser perguntado se também acertaria a previsão dos números da mega sena, ele deu risada e disse que apenas ressaltou o que a meteorologia esperava. O nordeste estava segurando um pouco devido à chuva, mas a hora que entrou o sudoeste era sinal que teríamos regatas. Foi mais bonito assim.
Com as três medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze, o Brasil melhorou o desempenho obtido no Pan de Santo Domingo, ocasião em que obteve três de ouro e uma de prata. O Brasil só não ficou com um lugar no pódio na classe Hobbie Cat, desclassificada por protesto e com a Sunfish, pois Bernardo Lowbeer não se qualificou para a Regata da Medalha.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda
Last modified: julho 29, 2007