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Congonhas do Campo (MG): uma cidade com memória


Sala do Museu da Imagem e do Som (foto: Marilin Novak/ www.webventure.com.br)

Direto de Congonhas do Campo (MG) – Kõ gõi significa “o que sustenta, o que alimenta”. O termo tupi originou a palavra Congonhas, que nomeia a cidade palco da final da Copa Internacional de Mountain Bike 2005.

Quem chega ao município tombado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade não enxerga, em princípio, o valor histórico do local. A descaracterização urbana da parte baixa da cidade esconde o conjunto cultural e histórico que a parte alta reserva.

Chegando-se à ladeira de pedra Senhor do Bom Senhor, também conhecida como ladeira Aleijadinho, o visitante já percebe que está num local que guarda algumas das mais importantes obras arquitetônicas e esculturas talhadas no período áureo barroco brasileiro.

Caos urbano trocado pela História – Antes de chegar ao ponto mais alto da cidade, na igreja do Bom Senhor Jesus de Matosinhos, uma parada estratégica é descansar no Museu da Imagem e Memória.

Fundado em 2001 pela Fundação Municipal de Cultura Lazer e Turismo (FUMCULT), a antiga casa foi restaurada e hoje reuni uma farta coleção de objetos, fotos antigas, quadros e móveis que contam muitas histórias da cidade, fundada em 1734.

A primeira sala do museu é dedicada à vida de José Arigó, um congonhense que ficou famoso por declarar-se apto a receber o espírito do doutor Fritz. Este realizava cirurgias espirituais e, segundo Arigó, passou-lhe à habilidade de efetuar operações em pessoas enfermas sem o conhecimento científico.

José Arigó viveu entre 1921 e 1971 e trouxe muitas pessoas ilustres à cidade, como o cantor Roberto Carlos. Ele também sofreu perseguições de pessoas que desejavam provar seu charlatanismo. O filho mais ilustre de Congonhas chegou a ficar preso por seis meses. O museu relata a história de Arigó por meio de muitas fotos, reportagens e objetos utilizados pelo suposto médium.

Outra atração do museu, que ocupa o andar térreo e subsolo da casa, é a primeira máquina de projeção de cinema da cidade, que chegou da Alemanha em 1958. O Cine Teatro Lean era o dono do objeto hoje aposentado. Outras atrações são as coleções de fotos antigas do começo do século XX, cedidas pela população, imagens de todos os prefeitos, juízes e padres que já comandaram a cidade e uma sala em homenagem à Victoria Parcus, alemã que trouxe o balé à pequena Congonhas, em 1960.

A sala em homenagem ao Aleijadinho traz um suposto retrato do artista que ficou pouco tempo em Congonhas (entre 1796 e 1805), mas deixou uma coleção de obras de valor inestimável. A coleção de estátuas que Ajeijadinho esculpiu em pedra sabão compõe o maior conjunto estatuários barroco das Américas. Os doze profetas são: Isaías, Jonas, Ezequiel, Amós, Habacuc, Abdias, Oséias, Baruc, Jeremias, Nahum, Daniel e Joel e estão expostos de forma oponente em frente ao santuário de Matosinhos, que fica um pouco mais acima do Museu da Imagem e Memória.

Jovem monitor – O morador de Congonhas Warlem Rafael Barreto, 24 anos, trabalha há apenas um mês como monitor do Museu da Imagem e Memória de Congonhas.

“Estou gostando por que conheço muita gente diferente. O único problema é ter que trabalhar no fim de semana”, conta o rapaz que foi contrato pela FUMCULT, uma fundação municipal que cuida do setor de cultura, lazer e turismo do município. Warlem, que cumpre o horário das 9 às 17h nos finais de semana, conta que, num domingo, o museu chega a receber mais de 100 pessoas interessadas nas histórias da cidade.

Este texto foi escrito por: Marilin Novak