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Conheça a desafiadora Trilha da Serra Grande em Roraima

Redação Webventure/ Destino Aventura

Frutas são uma ótima pedida para comer durante o trajeto (foto: Alexandre Koda/ www.webventure.com.br)
Frutas são uma ótima pedida para comer durante o trajeto (foto: Alexandre Koda/ www.webventure.com.br)

O município de Cantá, a 38 quilômetros da capital de Roraima, Boa Vista, abriga um local propício para quem busca desafios e aventuras em meio a uma floresta tropical: a Serra Grande. O visitante encontrará uma trilha íngreme, terá que caminhar e saltar sobre troncos, pedras, cruzar riachos e ter muita disposição para aguentar as cerca de quatro horas até os 923 metros do topo.

Para chegar até o local, é necessário se deslocar pela BR 401, RR 206 e pela Vicinal do Rio Branco até chegar à casa de Dona Juliana, às margens de um refrescante Igarapé e de convidativas redes. O trecho inicial da caminhada segue por áreas planas na base da floresta, sem nenhum nível de dificuldade e se mostra apenas como um aquecimento para a musculatura.

A primeira das quatro fases já começa com travessia de riachos, mas ainda pode ser percorrida por iniciantes no trekking e pessoas que querem admirar as paisagens de uma floresta tropical. A passos rápidos, são cerca de 15 minutos até se chegar numa grande pedra, de onde é possível avistar o pé da serra, local onde os guias estabelecem como a divisa para a segunda parte.

Início de verdade – A partir deste ponto é que começa de verdade a inclinação e é o momento de poupar energias para encarar uma mata mais fechada, com pedras soltas, galhos e troncos caídos pelo caminho. A respiração ofegante passa a ser uma constante nos cerca de 20 minutos até a próxima transição.

Um riacho que corre ao lado da pedra convida para um banho, mas não há tempo para refresco, mesmo que a umidade alta e o calor castiguem os viajantes, pois cada minuto desperdiçado significa um atraso na chegada ao topo. O guia avisa que terminou o parque de diversões e recomenda aos menos condicionados que fiquem na área e aproveitem para descansar. Começa o pior trecho.

“Essa é a parte considerada mais difícil, a partir de agora será casca grossa”, avisa Lula, um dos guias acostumados a levar grupos para a região. Neste momento os meninos distinguem-se dos homens e é necessária muita concentração, pois um passo em falso pode custar caro na hora de saltar entre uma pedra e outra. Os braços e as mãos passam a ser mais exigidos e a solidariedade entre os presentes é cada vez mais necessária.

A reportagem do Webventure viajou a convite do Sebrae/RR.

Após 15 minutos desafiando a mãe natureza, com pedras que mais se parecem pedaços de sabão, troncos pelos caminhos, galhos traiçoeiros e mata fechada, um pequeno trecho plano é motivo de comemoração. Por lá se anda por mais 10 minutos sobre folhas secas, terreno firme e vegetação um pouco mais aberta até uma recompensadora cachoeira.

Apesar de mais uma vez ficar o delicioso convite para um mergulho demorado, os cinco minutos de pausa servem para molhar a cabeça, encher o cantil e tomar fôlego para um “sprint” de 30 minutos até a divisa da terceira com a quarta fase. Os blocos de rocha começam a ficar maiores, o suor pelo corpo encharca a camisa, mas a vontade de vencer a batalha faz com que cada adversidade fique para trás.

Muitas vezes o único apoio é um pequeno galho entre uma pedra e outra, mas a atenção deve ser redobrada, pois muitas podem conter pequenos espinhos, um souvenir que nenhum viajante gostaria de levar para casa. Finalmente o sofrimento chega ao fim ao lado de mais uma bica d’água, hora de se hidratar e repor energias.

As barrinhas de cereais, ótima pedida alimentícia para um momento como esse são devoradas quase que instantaneamente, mas ainda fica uma sensação de vazio no estômago. Por sorte, o guia carrega consigo algumas frutas e prontamente começa a dividir com os guerreiros, que parecem estar diante de um banquete da realeza.

Na expedição que a reportagem do Webventure acompanhou, não foi possível atingir o cume e se deparar com os gaviões rei, pois esta é uma jornada que leva dois dias, pois os visitantes acampam por lá e retornam apenas no dia seguinte. Com o tempo escasso, o momento da volta teve que ser iniciado 15 minutos após o “banquete”.

Volta – Há duas opções para o retorno: a mais complicada seria usar o mesmo caminho da ida, mas uma trilha secundária reduz o tempo, o que exige muito da musculatura de joelhos e pernas. Para alcançar alguns pontos muitas vezes é necessário saltar de uma pedra a outra, descer com as mãos apoiadas, ou ainda contar com a colaboração dos companheiros na hora de transpor o obstáculo.

São 10 minutos até a transição do trecho três para o dois, onde um pequeno lago aguarda a chegada dos caminhantes. Um banho de água gelada e alguns minutos sentado na rocha para comer mais algumas frutas são uma injeção de ânimo para continuar serra abaixo.

Aos poucos a mata começa a aliviar os desafios e o sítio de Dona Juliana já pode ser avistado ao longe, local onde uma galinhada recém cozida e um suco de cupuaçu gelado aguardam os famintos viajantes. Todos de barriga cheia, é hora da famosa siesta numa das redes ou espreguiçadeiras, antes do retorno à cidade.

Assista ao lado os desafios e as belezas da Trilha da Serra Grande.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda

Last modified: dezembro 21, 2009

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