Cláudio possui vasta experiência no mundo da vela (foto: Alexandre Koda/ www.webrun.com.br )
Passe por trás da flotilha; diminua a velocidade para não provocar ondas; não entre na raia de competição; vá por bombordo para pegar os barcos de frente. Essas eram algumas frases proferidas por Cláudio Ferraz ao orientar o piloto da lancha de imprensa durante o warm-up da Semana de Vela de Ilhabela nos últimos dias 11 a 14. O senhor de cabelos grisalhos e barba branca, para muitos parece ser apenas mais um entusiasta do esporte, mas na verdade é árbitro internacional de vela e presidente da comissão de protestos do júri.
Formado em engenharia e muito dedicado ao trabalho, ele só conhecia a vela por meio de parentes que velejavam, até que um dia resolveu iniciar seus filhos no mundo náutico. Eu tinha um filho de 11, um de nove e uma menina de seis anos. Comprei um terreno na porta de um clube de vela , dois barcos e comecei a orientar os garotos, lembra com saudosismo.
Cláudio já vinha estudando sobre o assunto há algum tempo, passou a orientar os pupilos na regulagem das embarcações e, na primeira semana como sócio do clube, o presidente o convidou para ser capitão de vela e auxiliar na organização das regatas. Eu também aprendi a velejar, entrava várias vezes como tripulante e fui comprando novos barcos para meus filhos até chegar num soling, comenta o árbitro.
Ele passou a acumular as funções de velejador e juiz nas regatas do clube, mas a partir de uma determinada época deixou as competições de lado e passou a se dedicar apenas à arbitragem, chegando ao nível de juiz internacional em 1983. No warm-up e na Semana de Vela eu trabalho como chefe da comissão de regatas e da comissão de protestos.
Polêmicas – Como em todos os esportes, o árbitro nem sempre é bem visto pelos competidores e, em certos casos inevitavelmente inimizades acabam sendo criadas. A gente tem que decidir qual dos velejadores está certo, mas às vezes erramos e eles ficam muito zangados com a gente, alguns para o resto da vida, lamenta Cláudio. Mas a gente procura sempre fazer a justiça, pois estamos no esporte por prazer, para curtir, emenda.
Durante toda a carreira ele julgou muitos casos, resolveu imbróglios e alguns ficaram marcados, inclusive com Torben Grael, na época ainda adolescente. Numa largada do Campeonato Brasileiro em Salvador apontamos 12 barcos escapados e ele reclamou (contra a decisão). Chamamos todos os competidores para resolver, mas Nelson Ilha (velejador e árbitro internacional) protestou dizendo que a comissão de regatas é que deveria julgar.
Após muitas discussões e polêmicas, Cláudio conta que houve uma reparação a favor de Torben, decisão que foi contestada pelos outros participantes. Na época foi uma reclamação geral, mas hoje a regra diz que a reparação precisa ser estendida a todos os que tiveram o prejuízo por uma decisão da comissão.
Fiquei muito contente, pois aquilo que decidimos, hoje seria considerado justo e correto para todo mundo, finaliza o simpático e atencioso árbitro.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda
Last modified: junho 16, 2009