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Conheça a escaladora carioca Viviane Loa

Pelo fato de o Brasil  ser um país repleto de lugares ideais para escalada, o que não falta é gente para compartilhar histórias legais sobre a prática do esporte. A entrevista de hoje é com a escaladora carioca Viviane Loa, da Escalada Ouro Brasil, confira:

Como você iniciou no montanhismo? E qual sua formação?

Sou bailarina de formação e graduanda em psicologia  pelo IBMR (Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação). A transição do ballet para a escalada não é uma coisa muito distante, a transição fisiológica eu achei muito natural, próxima; a minha escalada é muito técnica. Pratico há 15 anos, sou instrutora da AGUIPERJ (Associação de Profissionais de escalada do Rio de Janeiro) e quando eu dou aula foco muito na pisada, na escalada a gente fica mais na ponta do pé do que bailarina!

Para quem você dá aulas?

Tenho alunos de curso básico, auto resgate, curso de guia e de escalada em móvel, meu enfoque é elevar o nível a escalada tradicional, o vetor está nos pés, ainda mais nas escaladas de paredes, as vias são mais expostas. Eu me cobro e consequentemente passo isso pros alunos também: disciplina, pés, técnica, equalização de força e equilíbrio. Na minha opinião, a partir de um bom condicionamento físico e segurança na técnica, com a consolidação da memória muscular desses posicionamentos corporais há o fortalecimento do psicológico, um caminha junto com o outro: corpo e mente. É uma roda viva, um puxa o outro, há quem diga que na escalada 50% é psicológico e 50% parte física, eu acho que isso varia de acordo com a via, com certeza o psicológico tem um peso muito grande. E aí que entra o DIEPE (Desenvolvimento da Inteligência Emocional Pela Prática da Escalada) e a psicologia da escalada, ferramentas que eu uso em minhas aulas particulares. Faz parte do meu trabalho fazer o link de treinamento técnico, condicionamento físico e psicológico. O treino indoor é realizado na academia Limite Vertical, o Flávio Carneiro é meu apoiador, Já as aulas outdoor costumam ser na Urca, normalmente duas vezes na semana.

Foto: Reprodução Facebook

Como são seus treinamentos?

Sou uma atleta multidisciplinar, além da escalada eu pratico corrida, corrida de montanha, bicicleta e Muay Thay, este último é um treino aeróbio fortíssimo. Sobre a escalada, especificamente, apesar de focar nas aulas mais de tradicional, nos treinos eu gosto muito da escalada esportiva também, e por eu ser mais afinada com o power endurance (mais força do que resistência), curto as vias que agregam três estilos:  boulder, resistência e técnica, tipo as vias do Totem no Pão de Açúcar, a via The Hunter no Campo Escola 2.000 (Floresta da Tijuca). Eu retomei os treinos faz pouco tempo, pois sofri um acidente de trânsito, essa via é um projeto…assim como a via Urubu Bacana, um 9b técnico lindo que pretendo regrampear em breve. Isso está na minha “caixinha dos sonhos”, é um grande projeto para mim, um “top 10 bailarina”!

Confira uma seleção de corridas de mountain bike!

Não deixo de lado as paredes, eu tenho mais facilidade em traduzir as paredes, sinto necessidade de treinar mais os outros estilos e esses outros treinos ajudam no resultado total. Quando entro nas paredes, busco vias mais difíceis, em móvel, considero as vias mais difíceis que já fiz eu considero a Xeque Mate e Waldo (essas duas no Pão de Açúcar), Decadence Avec Elegance (no Pico Maior de Salinas),  já entrei na Atalho do Diabo,,uma via bastante exigente no Corcovado. Mas o meu sonho é conquistar uma via estilo a via do Totem, que é uma via de parede com uma característica da movimentação esportiva, com uma graduação acessível e uma grampeação mais democrática, menos exposta, assim tornando possível que mais pessoas tenham acessam.

E sua  sua parceria com Fernanda May, como é?

Fernanda é médica, grande montanhista, ela tem uma linha de atuação mais em travessias e caminhadas de alta montanha. Ela acabou de fazer o cume do Aconcágua, e a gente quer se unir e fortalecer mutuamente realizando alta montanha e escaladas difíceis. Ela traz uma experiência de acesso às montanhas, e eu trago a experiência mais da escalada técnica. Fernanda  vai se formar como guia de escalada pelo CEB agora, essa dupla feminina tem alguns projetos para realizarem 2018 com o apoio da Deuter e da Limite Vertical.

Foto: Reprodução Facebook

Como é conciliar o esporte com a maternidade?

Além de escaladora e futura psicóloga, eu sou mãe do Nonô, o Noé, de 8 anos. A gravidez foi uma etapa na minha vida muito bem pensada, eu queria muito passar meus conhecimentos da escalada para essa pessoinha, ele tem necessidades especiais. Tem um tempo diferente, só dos 7 anos para cá ele demonstrou interesse no esporte e certa autonomia. Noé  hoje tem uns 20 cumes, dos quais 17 eu levava ele na mochilinha Deuter, a Kid Confort, aliás ele já era apoiado pela Deuter desde bebezinho. Fizemos juntos os cumes: Pico Médio e Menor de Salinas, Cabeça de Dragão, Pão de Açúcar, Pedra da Gávea, Escalavrado, por trilha ou escalaminhada, nenhum ainda totalmente por escalada em progressão livre.

Sobre suas conquistas em Itatim na Bahia em 2017/2018, o que foi mais incrível?

Eu tinha o sonho de conquistar um setor inteiro de vias esportivas, inspirada na Falésia dos Anéis daqui do Rio de Janeiro, tipo abrir vias com nomes relacionados ao setor central. Daí, pensando na série  Game of Thrones (GOT), consegui em parceria com o André Homem, em Itatim, Bahia, abrir 11 vias, com parada dupla no final elas têm de 25 a 30 metros, é um pico super democrático, dá para montar um “top rope” para quem não conseguir guiar, e quiser treinar ou dar aulas. O primeiro setor é o “Clássico”, a primeira via se chama “a Guerra dos Thrones” e a última via se chama “A dança dos Dragões” que é o quinto livro!  Tem um potencial enorme de conquistas em Itatim, a prefeitura da cidade incentiva essa atividade na cidade, já houve um encontro de escalada do nordeste em Itatim. Há um abrigo de montanha na cidade, um hotel com estrutura e privacidade maiores (ar condicionado e wi-fi) e alguns moradores alugam as casas para os escaladores.