Rubens Donizete em seu antigo ponto fraco: ladeira (foto: Divulgação)
No dia 17 de julho foram definidos os nomes três mountain bikers brasileiros (dois homens e uma mulher) que irão representar o país nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que acontece em outubro no México. São eles: os mineiros Rubens Donizete e Erika Gramiscelli e o paulista Edivando de Souza Cruz.
Erika e Rubens conquistaram as vagas depois de vencerem o Campeonato Brasileiro, em Caconde, dia 17. Já Edivando levou com a soma de pontos de três provas (Clique aqui para entender este critério). O Webventure conversou com os três atletas para saber como foi a disputa pelas vagas. Do trio, apenas Erika ainda não competiu em um Pan.
A conquista da única vaga feminina não foi moleza para Erika Gramiscelli, que tem 28 anos e 15 de carreira. Ela nos disse que a segunda etapa (Copa Internacional de MTB, em São Lourenço/MG) foi a mais complicada, pois, além das adversárias, teve de enfrentar a si mesma. Eu tinha tudo para ganhar, mas infelizmente não estava em condições físicas. Foi uma das provas mais difíceis da minha vida. Eu sabia que se ficasse em terceiro lugar, perderia a vaga. Erika chegou em segundo.
Até o campeonato de Caconde, havia um empate técnico entre Erika e Roberta Stopa, que também brigava pela vaga: Erika também ficou em segundo na primeira disputa (Copa Internacional de MTB, em Araxá/MG), mas levou a pontuação máxima porque em primeiro chegou uma argentina. Já Stopa veio em quarto. Em São Lourenço, Erika novamente ficou em segundo, mas com Stopa em primeiro. Dessa forma, foram para Caconde com um ponto de diferença.
Acredito que o que mais determinou a conquista da vaga foi o emocional, pois existia um favoritismo muito grande da minha adversária. Erika já havia perdido a vaga para Stopa no Pan de 2007, no Rio de Janeiro. Por isso, disse que partiu para o Brasileiro consciente de suas chances e muito determinada a ganhar.
Como restam apenas três meses para o Pan-Americano, Erika já começou os treinos específicos para a competição, que priorizam basicamente a intensidade das pedaladas e a musculação. Ela também está tendo acompanhamento psicológico.
Quanto às expectativas, ela acha que tem condições de, pelo menos, conquistar a medalha de bronze. Mas, é claro que irá lutar pelo tão cobiçado ouro. Erika diz que, de verdade, a vaga não foi conquistada apenas nessas três prova, mas sim ao longo de toda a sua carreira.
Edivando de Souza Cruz foi o primeiro biker brasileiro a conquistar uma medalha em um Pan-Americano: uma prata nos jogos de São Domingos, em 2003. Para 2011, a diferença é a minha experiência, que é maior. Mas não foi fácil abocanhar a vaga: mesmo tendo priorizado as seletivas este ano, o atleta teve de superar uma lesão no joelho, depois de uma queda em uma competição em 2010.
Como as classificatórias só começaram em abril, Edivando teve tempo de se recuperar. Ele então conseguiu pedalar na primeira prova (Araxá), mas ficou em quinto por conta de problemas mecânicos em sua bike. Já em São Lourenço, foi campeão.
Mas, a prova mais complicada para ele foi o Campeonato Brasileiro, na qual ficou em segundo lugar. A pista era desconhecida (ao contrário das duas primeiras provas). E, não estava apenas em jogo o Pan, mas o título nacional. Então, o nível foi bastante forte, explica.
Quanto aos treinamentos específicos para Guadalajara, Edivando conta que logo depois do Brasileiro reiniciou os treinamentos de base, intensificando as pedaladas e as tomadas de tempo. A ideia é manter a velocidade conquistada com o ritmo das provas da temporada.
Outro que irá competir pela segunda vez em um Pan: Rubens Valeriano Donizete já ganhou uma medalha de prata nos jogos do Rio de Janeiro, em 2007. Porém, mesmo com a experiência, o atleta de 32 anos literalmente suou para conquistar a terceira vaga.
Na primeira seletiva (Araxá), apesar de ter pedalo bem, chegou em segundo lugar, atrás de Tiago Aroeira . Em São Lourenço estava na liderança nas quatro primeiras voltas, mas nas duas últimas foi ultrapassado por três ciclistas. A pista tinha muitas subidas e estava calor. Além disso, comecei a ter cãibras, explica o esportista, que ficou na quarta posição.
Com o desempenho a desejar depois desta prova, o atleta reforçou os treinos para o Brasileiro, em Caconde (SP). Como sabia que lá também estaria muito quente, marquei meus treinos ao meio-dia, para ir me acostumando. Também, pedalei muito em subidas, conta. A técnica funcionou e o ciclista conquistou o primeiro lugar e a terceira vaga.
Agora, o ciclista está treinando 3 horas por dia, em média, tirando folga somente às segundas-feiras. Ele também está fazendo um trabalho de recuperação de seu rendimento em terrenos planos. Eu tinha a sensação de que as pernas inchavam nesta hora, então estou treinando em cima disso, explica. Expectativas para o Pan? Será uma prova bem difícil, mas quem sabe eu não consigo uma medalha para o Brasil?!
Este texto foi escrito por: Luciana Ricciardi e Amanda Nero