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Conheça os verdadeiros riscos de treinar no clima seco e no inverno


A umidade relativa do ar abaixo de 30% começa a ser prejudicial à saúde (foto: Domingos Martins)

Quem mora nas grandes cidades sabe muito bem que no inverno, além do frio, o ar costuma ficar seco e os surtos de doenças respiratórias aumentam. Porém, essa mudança climática afeta diferentemente cada pessoa. Para desmistificar a questão, a reportagem do Webventure entrevistou especialistas que explicaram os riscos e cuidados que se deve ter nessa época do ano.

Para Raul de Oliveira, pós-doutor em fisiologia, o tempo seco não causa nenhum risco para quem tem boas condições físicas, mas pode oferecer complicações para pessoas com doenças cardiovasculares ou respiratórias. “Esse clima e o frio faz o organismo aumentar as respostas fisiológicas, com aumento da frequência cardíaca e respiratória e às vezes aumento de pressão arterial”, explica.

Além do desgaste físico, nessa época do ano há uma quantidade maior de vírus e partículas no ar. “É uma fase momentânea, o sistema imunológico fica deficiente e geralmente aparecem doenças oportunistas”, lembra Oliveira.

Metrópoles como São Paulo têm um agravante a mais: a poluição causada pelos automóveis e fábricas. “Inalar ar poluído eleva o risco de doenças respiratórias, como bronquite, e cardiovasculares”, diz Pedro Genta, pneumologista do Hospital do Coração de São Paulo (HCor).

Segundo ele, o esportista ocasional sempre é mais vulnerável por que está menos preparado fisicamente e menos acostumado com a rotina de treinamento de um atleta.

Já Oliveira lembra que quando uma pessoa treina em um lugar com poluição, o corpo terá que trabalhar muito mais do que se estivesse no mesmo lugar, com a mesma carga, mas com um clima favorável. Além disso, também podem aparecer os chamados “efeitos momentâneos”, como coriza, vermelhidão nos olhos e boca seca.

Acompanhe na próxima página dicas para treinar no inverno

A condição climática adequada para o corpo humano, tanto no repouso ou durante os exercícios físicos é a temperatura entre 20 a 25 graus Celsius, com a umidade relativa do ar entre 60 a 80%.

O fisiologista Raul de Oliveira também lembra que o indivíduo pode treinar em umidades muito baixas, como 5 ou 10%, mas isso compromete a qualidade e também é perigoso. Já o pneumologista Pedro Genta afirma que a umidade relativa do ar abaixo de 30% começa a ser prejudicial à saúde. Segundo ele, com menos de 12% deve-se evitar os treinamentos.

Dicas. Para fazer atividades físicas no inverno, algumas mudanças simples na rotina já aliviam os efeitos do clima desfavorável. Uma das recomendações dos especialistas é fazer exercícios em horários com menos tráfego de veículos, quando a poluição diminui bastante, ou optar por um ambiente fechado.

Quem não tem essas opções pode fazer nos intervalos dos treinos a limpeza dos olhos, narinas e lábios com água . “Isso é fundamental para amenizar o efeito da baixa umidade”, comenta Oliveira.

Outro cuidado importante é com a hidratação, já que o frio inibe a sensação de sede. “É preciso beber água mesmo sem vontade para repor o suor que foi perdido durante esforço físico”, afirma Cristina Carvalho, ex-corredora de aventura e treinadora do Projeto Mulher.

Para proteger os músculos e articulações, outra preocupação durante o inverno é o aquecimento. “Muitas vezes a pessoa está em uma situação muito fria e pode se lesionar, então aumentamos o tempo para esquentar o corpo”, explica Caco Fonseca, treinador da Selva Aventura.

Ele também lembra que, quando a temperatura cai muito, é importante proteger as extremidades do corpo, especialmente mãos e orelhas, usando luvas e gorro. Trocar a roupa logo após o exercício, para evitar que o suor esfrie, ajuda a preservar a saúde. “Aqui não vale treinar depois do banho quente, esse intervalo é suficiente para uma virose”, lembra Cristina.

Mito do emagrecimento. No frio o corpo gasta mais energia para se manter aquecido, por isso, algumas pessoas pensam que se expor à baixas temperaturas durante o exercício ajuda a perder calorias. Porém, essa prática vai, no máximo, contribuir para uma doença.

“No inverno, além do gasto calórico da atividade física, há também o gasto para manter o corpo aquecido, mas usar isto para emagrecer é um erro. Podemos ficar doentes e gordinhos na cama ao invés de saudáveis e agasalhados” reforça Cristina.

Segundo Fonseca, da Selva Aventura, o gasto calórico necessário para manter o corpo aquecido no inverno, pelo menos no Brasil, é desprezível.

Para quem costuma engordar nessa época do ano, o fisiologista dá uma dica. “No frio a saciedade demora mais, então as pessoas comem mais. O grande segredo é comer devagar, de forma consciente.”

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi