A cidade de Campos (RJ) vive, a partir desta sexta-feira (04/04), em estado de emergência. Falta água para consumido devido à contaminação dos rios Pomba e Paraíba do Sul com 1,2 bilhão de litros de material químico vazados há cerca de uma semana da fábrica mineira de papel Cataguazes, localizada na Zona da Mata, em Minas Gerais. Outras oito cidades da região Norte-Noroeste Fluminense têm o mesmo problema. O Exército irá ajudar na busca por água.
Acompanhada de muita espuma, a mancha negra dos dejetos já percorreu mais de 180 quilômetros em cinco dias, ao longo dos dois rios, e chegou ontem ao município de São João da Barra, onde o Paraíba deságua no mar. A previsão de biólogos e engenheiros é que a mancha demore pelo menos uma semana para ser diluída totalmente pelas águas marinhas.
O prefeito de São João da Barra decretou situação de emergência e proibiu o banho de mar nas praias de Grussaí, Iquipari e Atafona, numa extensão de dez quilômetros de areia. Funcionários da prefeitura informaram que os poluentes mataram bois, lontras e jacarés que vivem em pequenas ilhas no meio do rio Paraíba do Sul.
Conseqüências graves – O maior bolsão de biodiversidade do Paraíba do Sul, entre São Fidélis e Cambuci, sofreu severas conseqüências com a poluição. Em Portela, distrito de Itaocara, foi notificada a morte de 16 capivaras e várias garças.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente proibiu a pesca nos rios Pomba e Paraíba do Sul – no último, desde a confluência com o Pomba até a foz. A medida tem prazo de três meses mas pode ser prorrogada. O descumprimento da determinação configurará crime ambiental.
O acidente – A fábrica Cataguazes despejava seus rejeitos químicos no córrego Cágados, que deságua no rio Pomba, afluente do Paraíba do Sul. Durante todos os anos seguintes até cinco dias atrás, o ecossistema da região vinha se recuperando. Em 1980, a empresa foi obrigada a construir um reservatório, rompido no último sábado.
Resíduos em volta do reservatório estão sendo retirados, mas o trabalho pode levar dias e, se chover, um segundo reservatório, com 700 milhões de litros de rejeitos, poderá transbordar e ser levado, com a lama tóxica, pelos rios.
A ministra do Meio Ambiente Marina Silva deverá visitar Cataguazes nesta sexta-feira. Ela afirmou que será baixada uma portaria com instrumentos de compensação para os pescadores prejudicados com o acidente. Eles receberão cerca de três meses de salários a exemplo do que acontece no período do defeso, quando a pesca é proibida. E, considerando um caso federal, confirmou que Ibama vai emitir uma nova multa à empresa responsável pelo dano ambiental.
Foragidos – Ontem foi decretada a prisão do diretor administrativo da indústria, Félix Santana, e do sócio-gerente da empresa, João Gregório do Bem. Eles estão oficialmente foragidos e as polícias Federal e Militar e até a Interpol estão em busca dos dois.
Ainda não há medida exata dos prejuízos causados pelo acidente ao meio ambiente. Estudiosos apontam que até o lençol freático dos rios Paraíba do Sul e Pomba podem estar contaminados.
Este texto foi escrito por: Webventure