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Contando passos: a primeira experiência no enduro a pé


Primeiro passo: ler a planilha e calcular (foto: Renata Haar)

“São mais trinta e cinco metros até a próxima referência, isso deve dar aproximadamente trinta e dois passos. Chegando lá a gente vai ter que seguir a 345 graus da bússola!”. Assim começamos nossa primeira prova de enduro a pé: à noite, com garoa, lama por toda parte, frio e todos muito confusos com a planilha.

A idéia de participar do Paulista de enduro a pé surgiu da vontade de sair da rotina urbana de São Paulo e arranjar um pouco de aventura junto à natureza. Formamos uma equipe de cinco pessoas – a Totens Selvagens -, compramos uma bússola, pegamos as lanternas e seguimos rumo a Itu, local onde seria realizada a segunda prova do returno do campeonato.

Ao chegarmos lá, os times participantes estavam calculando o percurso da prova. Enquanto Nara e Élio faziam as contas, Marina, Renata e eu medíamos nossos passos na trena colocada perto da largada – é assim que temos a noção de distância. Se na planilha que indica o percurso temos de andar 50 metros, sabemos que se dermos tantos passos alcançaremos essa distância.

Faltando vinte minutos para nossa largada um erro de cálculo foi descoberto. Foi preciso refazer todas as contas rapidamente até o instante da largada.

Perdidos: o que fazer? – No começo da prova estávamos todos atrapalhados: esquecemos de contar os passos, a velocidade média não batia com a calculada e metade da equipe simplesmente não sabia o que estava acontecendo ou o que deveria fazer. O incentivo de continuar adiante veio quando encontramos a referência da planilha. A partir dali, a equipe entrou em sintonia, dividimos melhor a função de cada um seguimos em frente.

Ao procurar uma gruta, que ninguém conseguia achar, encontramos outras equipes com a mesma dificuldade. Depois de muita procura e cálculos refeitos resolvemos seguir a nossa intuição: inventamos um caminho diferente. Qual não foi a nossa surpresa ao ver que havia uma outro grupo nos seguindo, então alguém berrou: “Acharam a gruta!”. Ao olharmos para trás, vimos dezenas de lanternas caminhando em nossa direção. Sem dúvida, foi um dos momentos mais engraçados da prova, afinal o tal caminho não levava a lugar algum. Foi preciso o resgate vir até nós para avisar que estávamos saindo da trilha.

Finalmente achamos a gruta e seguimos a planilha. Durante alguns momentos achamos estar perdidos de novo, pois não víamos sinal de nenhuma outra equipe. Ao avistarmos algumas luzes fomos em direção a elas. Chegamos ao neutral, onde todas as equipes têm que descansar vinte minutos. Lá são oferecidas frutas aos competidores. Discussões sérias são ouvidas de toda a parte: passos que foram contados errados, algum cronômetro que não funcionou, quem tomou a decisão de ir por tal caminho…

Lição – A segunda etapa foi a mais difícil. Nos perdemos diversas vezes, encontramos equipes desistindo e pensamos muitas vezes em voltar para o acampamento. Pela persistência de alguns dos integrantes seguimos adiante e encontramos a trilha.

A prova especial, uma decida com cordas numa gruta, foi unanimemente a mais emocionante do desafio. Com todos se ajudando ultrapassamos o obstáculo e seguimos rumo a chegada.
Ao passar por lá a satisfação tomou conta da equipe, que se sentiu orgulhosa de ter completado a etapa, apesar de chegar com quase duas horas de atraso. Sem dúvida esta é uma experiência que envolve espírito de equipe, colaboração, incentivo, disposição e gosto pela aventura.

Este texto foi escrito por: Caroline d’Essen