Webventure

Convivendo com as feras

Pignitz, Alemanha – Aqui estão as notícias sobre os brazucas na Europa. A etapa alemã da Copa do Mundo de escalada foi demais, superorganizado e o muro era gigante (quando a via sobe reta tem, no mínimo, 20 metros), muito negativo e com vários tetos. Os outros competidores disseram que era pequeno, comparado aos das outras etapas.

A galera da competição era gente boa, conversamos com o Legrand sobre as vezes em que ele esteve no Brasil. O impressionante é que muitos conheciam a via Southern Confort 5.13c, na Pedra do Urubu, no Rio. Durante o campeonato, ficamos amigos da seleção espanhola. O grupo era formado por Daniel Andrada, Cesar Ciudad, Leire, Jusune (a primeira mulher a fazer um 8c+, que é um – 11a nosso) e como técnico tinha o
legendário Carlos Brasco. Jantamos e jogamos boliche juntos, dá para acreditar?

O nível dos caras da eliminatória é impressionante, mas nada impossível de ser alcançado. A via foi um 7c+ francês, ou seja, um 9b nosso, mas muito grande e negativa. Nossos resultados vocês já conhecem (veja matéria abaixo). Eu, o Helmut (Becker) e um outro alpinista, caímos na mesma agarra, havendo desempate por centésimos.

No dia da final, o público lotou a arquibancada!!! O francês Francoise Legrand arrumou um descanso maluco entre uma estalactite e um diedro, no último dia, e levou o campeonato seguido de Evgeni Krivocheicev, da Ucrânia, e Yuji Hyraiama do Japão.

Entre as mulheres, vitória de Liv Sansoz, seguida por Martina Cufar e Muriel Zarkany. Um momento curioso: Katie Brown, na final, saiu da via das mulheres (que ia para à direita), virou à esquerda por um teto gigante e acabou entrando na via semifinal dos homens! Pior: quando tentou voltar, caiu.

O melhor pico – Depois da etapa, fomos para Frankjüra, ainda na Alemanha, escalar na terra de Ação Direta (5.14d) e Wall Street (5.14c), de Wolfgang Gullich (o melhor pico do país). Tem vias para todos os gostos e grau supervariado desde 6a até 8c+, 9a. O Helmut e eu mandamos uma via super negativa, quase teto, de uns 18 metros com
agarras boas chamada Hercules (7c+) ao lado do camping, há apenas 25 metros de nossa barraca. Escalamos muito, e no segundo dia, a Katie Brown e a mãe dela acamparam do nosso lado. Conversamos um pouco com elas, que nos reconheceram do campeonato. Katie parece ser meio tímida, às vezes.

Agora rumamos para Besançon (França), tentar a sorte outra vez na Copa do Mundo, numa oportunidade oferecida pela Federação Francesa de escalada.


Edison Shimabukuro é atleta da Seleção Brasileira de escalada.

Este texto foi escrito por: Edison Kicho Shimabukuro