Sempre fui fascinada por fotografias que mostram histórias reais… (foto: Fernanda Preto)
“A foto em si não me interessa, mas sim a reportagem, a comunicação entre o mundo e o homem comum. E há este instrumento maravilhoso que passa desapercebido. É uma dança!”
Henri Cartier Bresson
Criar um estilo fotográfico é provavelmente uma das coisas mais difíceis de se definir no trabalho de um fotógrafo. Desde que comecei a fotografar sempre quis fazer existir nas minhas fotografias esse estilo, como os grandes fotógrafos Ansel Adams, Sebastião Salgado, Miguel Rio Branco, Diane Arbus, Cartier Bresson, Helmut Newton e outros muitos que desenvolveram isso ao longo dos anos.
Pergunto-me todo o tempo: como eles fazem ou faziam? Creio que estas questões começam a surgir quando produzimos bastante e sempre. Quando, por alguma razão, nos perguntamos: como retratar a realidade de maneira diferente do usual? Como expressarmos na fotografia nossas idéias?
Percebo que depois de um tempo fotografando, passamos a inserir no trabalho muito do que somos e muitas das nossas intenções. A fotografia possui linguagem própria. E acredito que, para se criar um estilo, é preciso estar consciente de que a fotografia, seja como um registro da realidade ou como um conceito, é um reflexo da opinião do fotógrafo em relação aos acontecimentos do mundo. Aquilo que mostramos, com certeza expressa o que somos.
Interferências – Um ótimo exemplo é a artista Rosângela Rennó, que criou um estilo único, quando recorre a formas opcionais de apropriação de negativos de família, arquivos públicos, criando um retrato crítico da fotografia. Ela faz interferências nas imagens e as mostra também através de instalações. Miguel Rio Branco usa as cores vivas para mostrar a dramaticidade da cena, sem causar um choque, mas sim deixar em evidência o cenário que envolve o assunto.
Olhar o trabalho da Rosângela me faz imaginar como posso extrapolar e ir além na fotografia, fazer interferências, trabalhar com suportes diferentes, criar! E Miguel Rio Branco me seduz com as cores, com a vida que seu trabalho possui.
Pergunto também se estilo têm a ver com técnica. Acho que a técnica funciona como uma ferramenta da fotografia como meio de expressão pessoal. Então posso dizer que o estilo tem relação direta com o olhar. Busco em minhas imagens, o inédito, o inesperado, a força de um momento, e que seja expressiva o suficiente para trazer esse mundo para o espectador.
Histórias reais – Digo isso porque sempre fui fascinada por fotografias que contam histórias reais, que me mostram uma cultura diferente, um lugar de difícil acesso, que instigam meu olhar.
Criando seu próprio estilo, você vai estimular outros fotógrafos e também vai se sentir mais livre para testar novas técnicas, luzes e suportes. Mas o mais importante é continuar fotografando e tentando desenvolver novos temas. O tema é a definição do assunto que se está disposto a explorar.
Criar um estilo é entender que a fotografia é a verdade de cada um!
Este texto foi escrito por: Fernanda Preto