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Criatividade lexical


Cascanding ou cachoeirosmo? (foto: Arquivo Webventure)

Um estudo da Unesco revela que o vocabulário usual de uma pessoa contém mais de 5 mil palavras, mas a grande maioria vive usando apenas 2 mil. Isso seria um dos motivos das dificuldades de comunicação e de relacionamento entre os seres humanos.

Contrariando qualquer prognóstico, os esportes de aventura poderiam ajudar a reverter este quadro: A mesma atividade chega a ter quatro nomes! Começou com o “montanhismo”, que sofre a concorrência do irmão “alpinismo” (e, numa proporção menor, dos seus primos “andinismo” e “himalaismo”).

A criatividade é ainda maior para descrever a atividade que consiste em percorrer rios com ajuda de corda para vencer obstáculos verticais: a palavra internacional “canyoning” é de longe a mais usada. Mas sua versão ´abrasileirada´ “canionismo” está ganhando força. Um pouco atrás vem o “cascading”, que está na moda, e “cachoeirismo”, que seria a versão brega – se posso me permitir esse excesso de ´povoismo´.

Arvorismo ou arborismo – A última criação lexical dos esportes de aventura coincidiu com o lançamento, em outubro de 2001, pela Alaya® Expedições, do primeiro e maior percurso acrobático em árvores do Brasil. Com 45 atividades, sendo nove do Verticalinha®, indicado para crianças. Segundo uma tradição de científicos, escoteiros e militares, a atividade se chama “arvorismo”.

Demorou pouco tempo para aparecer uma sutileza ortográfica e nasceu o “arborismo”. Um pouco de ´futurismo outdoor´ permite anunciar o nascimento, em breve, do “tirolesismo” e do “trilhaerismo”.

Essa criatividade mostra a vitalidade dos esportes de natureza e aventura no Brasil que logo vai merecer seu próprio léxico: será o tema da minha próxima coluna.

O único inconveniente é que deixa o praticante totalmente perdido: ele nem tem palavra para explicar para seus amigos o que ele faz de seus finais de semana! Precisávamos de ajuda para colocar um pouco de ordem no nosso vocabulário. Eu sugiro Jô Soares que saberia tratar o assunto com o humor necessário. E quem quiser fazer ´sugestismo´ será bem vindo.

Este texto foi escrito por: Jean Claude Razel