Sair de uma geladeira partindo, lentamente, rumo a uma imensa fornalha. Esta é a sensação dos participantes Rally Paris-Dakar, maior rali do planeta que tem seu início no dia 1 de janeiro e contará com cobertura on line do Webventure. De Paris, na França, a Dakar, no Senegal, as variações de temperatura ajudam a fazer da prova um desafio de resistência física e psicológica.
Na largada em Paris, o frio europeu e temperaturas que chegam a alcançar os -4º. “Para quem vem de países tropicais como o nosso, esse início é realmente complicado. Você coloca muita roupa e isso acaba dificultando um pouco a flexibilidade”, explica o piloto de moto da equipe BR Lubrax Juca Bala. São exatamente os pilotos de moto os que mais sofrem com o frio desta etapa do rali.
Engana-se quem pensa que a chegada à África pelo Marrocos significa estar de volta ao clima quente do verão brasileiro. “Em Marrocos ainda é frio nesta época do ano. Em um dia muito bom, com bastante sol, a temperatura atinge no máximo 20º”, explica Klever Kolberg, piloto de carro da equipe BR Lubrax e que está indo para o seu 14º Dakar. A noite continua bastante fria, registrando temperaturas de menos de zero graus. “Dá para perceber porque o orvalho congela”, explica Klever.
Chegando à Mauritânia, o tempo começa a melhorar, apesar de uma constante nebulosidade neste período e das tempestades de areia, que acabam encobrindo o sol. “No deserto, a intensidade do sol é que vai determinar a temperatura. Se estiver nublado, chega-se a, no máximo, 15º. Já se o céu está limpo e as tempestades de areia não acontecem, é comum termos 40º”, explica Klever Kolberg.
Chegando à fornalha – Em Mali, nas regiões por onde passa o rali, a temperatura é mais constante, já perto dos 40º durante o dia. As noites, porém, continuam geladas, transformando-se em um desafio, principalmente para os pilotos de moto. “Algumas vezes eles se atrasam e ficam por algumas horas na noite do deserto. O pior é que, se deitarem na areia, terão a sensação de estarem deitando em bloco de gelo”, conta Klever , que já competiu com motos no rali, durante quatro anos.
A chegada no Senegal leva os participantes da prova a um verdadeiro caldeirão: a temperatura é de no mínimo 40º durante todo o dia, com pouco vento e noites que não têm nada de geladas e deixam há anos luz na memória as baixíssimas temperaturas do inverno europeu.
Para enfrentar essas variações, cada competidor tem a sua estratégia. Alguns usam ar condicionado em seus veículos durante a prova, outros perferem receitas caseiras. A tática de Klever :”eu uso os conselhos da minha avó: me agasalho direito, tomo cuidado com o vento. No final do rali, qualquer ventinho é capaz de deixar você meio mole. Prudência nunca é demais!”
Este texto foi escrito por: Débora de Cássia
Last modified: dezembro 30, 2000