A paisagem de Abu Rish no Egito em uma das últimas etapas do Dakar. (foto: Nissan Rally Raid Team)
De um lado, o deserto. Do outro, as águas claras do Mar Vermelho. No meio, Sharm El Sheikh, ponto final da 25ª edição do Dakar 2003. A maior competição off-road do mundo termina neste domingo no Egito com etapa cronometrada de apenas 34 quilômetros ao redor dos hotéis e resorts de grandes redes internacionais.
Desde a largada em Marselha no dia 1º de janeiro, a caravana da prova percorreu 8.552 quilômetros pela França, Espanha, Tunísia, Líbia e Egito. Para os pilotos de carros, motos, caminhões e quadriciclos que sobreviveram às armadilhas do deserto nas últimas semanas, chegar a Sharm El Sheikh é como entrar no paraíso.
O prêmio não é só a glória de completar o Dakar, mas a conquista de pequenos detalhes que podem parecer insignificantes no dia a dia, como um banho de água quente, dormir numa cama e comida de qualidade. Enfim, estamos aqui, comemorou o brasileiro Jean Azevedo, piloto de moto da equipe Petrobras Lubrax.
Chegar ao paraíso não foi fácil. Antes os competidores tiveram que percorrer o penúltimo trecho cronometrado da competição, entre Abu Rish e Sharm El Sheikh, o maior da edição 2003. Foram 828 quilômetros no total e 365 cronometrados com longas retas no deserto, pedras e muita poeira. Outro adversário implacável foi o sono. Devido à longa distância, a largada aconteceu ainda de madrugada do acampamento montado em Abu Rish, uma base aérea militar no meio do deserto egípcio. Outro inconveniente foi o frio, principalmente para os pilotos de moto.
Imprevistos – Nos carros, valeu o velho ditado de que tudo realmente só é definido depois da linha de chegada. O francês Stephane Peterhansel, com o novo Mitsubishi Pajero Evolution, já era considerado o campeão do Dakar 2003. Nos últimos dias ele reduziu o ritmo e apenas administrava a grande vantagem que tinha para os demais concorrentes. Na etapa deste sábado a sorte não estava ao lado de Peter. Primeiro ele perdeu preciosos minutos tentando reparar um problema no carro. Conseguiu.
Quando voltou a andar acelerou forte para recuperar tempo e o resultado foi pior. Sem enxergar nada na poeira da alemã Jutta Kleinschmidt, ele bateu numa pedra e teve que esperar a ajuda do caminhão de assistência. Notícia ruim para o francês e caminho aberto para o japonês Hiroshi Masuoka conquistar neste domingo o bicampeonato no Dakar, também de Mitsubishi Evolution.
Os brasileiros Klever Kolberg e Lourival Roldan terminaram em segundo lugar na categoria carros Super Production Diesel e em 13º na classificação geral de Mitsubishi Pajero Full. O italiano Miki Biasion venceu a etapa em quatro rodas. Nas motos não houve surpresa. O francês Cyril Despres ganhou neste sábado e Jean Azevedo terminou em segundo na categoria Production e em sexto na geral. Nos caminhões, André Azevedo e os checos Tomas Tomecek e Mira Martinec finalizaram a etapa como vice-campeões atrás do russo Firdaus Kabirov.
Este texto foi escrito por: Webventure