O biker Daniel Aliperti (foto: André Piva)
No próximo domingo (6) acontece uma das maiores provas de mountain bike da Argentina, o Desafio do Vale do Rio Pinto, com 4.556 competidores (10 do Brasil), percurso de 82 quilômetros e até 600 metros de desnível. Dentre os atletas brasileiros está Daniel Aliperti, uma das pessoas que mais entende de magrelas no Brasil formado nos EUA em mecânica avançada, ele é dono da loja Pedal Power e da Proparts, que traz para o Brasil SRAM e RockShox, dentre outras marcas. Em entrevista ao Webventure, ele explica porque está indo à Argentina e fala das tendências do mercado no Brasil.
Porque você vai participar dessa prova?
Um colega de trabalho, que é argentino, me falou dela, e eu tive a curiosidade de ver como é. Eu trabalho com bicicleta, então tenho o interesse de entender como estão os mercados, seus movimentos e as pessoas. E também porque já fiz provas longe do continente sul-americano e tenho interesse em conhecer as daqui. É mais fácil, custam mais barato. Eu entro em um mailing e posso começar a receber informações sobre outras provas.
Porque uma corrida com quase 5 mil competidores atrai apenas 10 brasileiros?
Talvez porque ela ainda seja pouco divulgada aqui. Acho que não caiu na boca das pessoas certas. Também tenho amigos que não conseguiram se inscrever, pois as inscrições acabam logo. Amigos que tentaram poucos dias depois da abertura não conseguiram.
Como você acha que será o seu desempenho na competição?
Estou indo mais para conhecer a prova, não tive oportunidade de treinar muito nos últimos tempos. Talvez, mais pra frente, eu vá com intenções diferentes. Mas agora será para ver como que está o mercado na Argentina, que tipo de bike as pessoas estão usando.
O que você sabe sobre o mercado vizinho?
Conheço pouco. Parece que é um mercado que, apesar de todas as atribulações do país, anda bem. Parece também que a Argentina tem lugares muito legais para pedalar. A gente vai para o noroeste de Buenos Aires. Falam que é tipo Campos do Jordão [no interior de São Paulo, região de montanhas, bastante frequentada por bikers].
E no Brasil, como vem se comportamento o mercado de bikes de competição?
O mercado só não cresce mais porque o governo não ajuda. O material de boa qualidade é todo importado. Para oferecer uma vantagem competitiva aos fabricantes nacionais que infelizmente ainda não conseguem fazer material tão bom quanto o importando, ainda que haja exceções o governo apenas sobe o imposto para a importação, que é caríssimo. Eles querem sempre proteger coisas que não existem aqui. É um pensamento retrógrado, infelizmente. Há um movimento de bicicleta forte acontecendo, e isso está gerando frutos para o mercado esportivo. A gente imagina que quem começa a andar na ciclovia se anima, às vezes, a participar de uma prova ou outra. Então, o mercado só tem crescido. Têm praticantes antigos, mas tem muita gente nova também.
As bikes de aro 29 estão com força, e agora tem as de 27,5. O que vai dominar o mercado em 2012/2013?
A 29 já está consolidada. Já a 650b [ou 27,5] voltou à tona agora, mas ela já existe há muitos anos com a história das rodas maiores que 26, o mercado voltou a produzir as 650b, além de uma marca muito forte ter um atleta correndo com ela; isso tudo gerou esse burburinho em cima do modelo. Mas o benefício que a 29 oferece, especialmente em bikes mais sofisticadas, é muito forte, e quem experimentou não volta atrás. O que acontece é que algumas pessoas experimentam uma 29 em modelos mais simples, e não se empolgaram tanto por causa do peso da bike. Por isso surgiu a 650b, que é uma bicicleta mais barata. Mas para uma bike [com suspensão] de curso longo [como as de downhill] ela pode ser interessante, porque a 29 tem algumas restrições. Mas a história das 650b ainda está embrionária. A da 29 não, está consolidada. Acredito que se a 650b também se consolidar, pode significar a morte da 26. Mas, por enquanto, a 26 está viva, e ela tem o seu lugar.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi
Last modified: maio 3, 2012