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De grão em grão a galinha enche o papo

Redação Webventure/ Vela

ABN Amro 1 próximo de cruzar a linha de chegada na Austrália (foto: Divulgação/ VOR)
ABN Amro 1 próximo de cruzar a linha de chegada na Austrália (foto: Divulgação/ VOR)

Algumas vezes tenho usado frases populares como título dos meus textos. Pessoalmente isso não me agrada, mas às vezes há ocasiões em que não existe melhor expressão para definir o que está havendo. Este é o caso. Afinal, aos poucos, o ABN AMRO ONE e TWO estão somando pontos preciosos que podem assegurar certa tranqüilidade no final da prova, quando, presumo eu, as regatas serão MUITO mais disputadas.

A Perna 2 chegou ao fim e mais uma vez os barcos do time ABN AMRO fizeram uma bonita dobradinha e mostraram que estão um passo à frente dos demais nesse início de competição. Acredito que as diferenças irão diminuir à medida que os times tenham tempo de desenvolver seus barcos, quando conseguirem identificar onde está o ponto fraco de cada um. Não vejo a hora de presenciar uma perna onde todos os times estejam competindo, sem nenhuma quebra ou desistência. Então será emoção garantida, dia após dia, até a linha de chegada.

Uma pergunta curiosa – Outro dia, quando o ABN AMRO TWO assumiu a liderança da regata, me perguntaram se haveria alguma ordem vinda do TEAM para que o ABN AMRO TWO fizesse algum jogo de equipe e não cruzasse a linha em primeiro. Isto é, se os “meninos” receberiam instruções para “segurar” um pouco o barco, deixando o ABN AMRO ONE vencer a perna.

Na hora me perguntei “de onde esse sujeito tirou isso?” Provavelmente ele é fã da Formula 1 e já ficou frustrado – assim como todos nós brasileiros – quando a Ferrari ordenava ao Rubinho que abrisse passagem ao número um da equipe… Na hora respondi que não! Expliquei que embora seja um único time, representantes do Banco ABN AMRO, cada barco tem total independência, e que todos ali lutam pela vitória.

Diante disso, vocês agora podem entender porque o ABN AMRO TWO tirou tantas milhas de vantagem nas últimas horas da regata. Eles viram que o barco preto estava estacionado em uma área de pouco vento e que, com sorte, eles poderiam ser os grandes vencedores do momento. Afinal, bater o recorde de singradura e ainda finalizar a perna com a vitória seria ‘fazer mais do que possível’, ou melhor, mais do que o sonhado.

Com muita “água na boca” os jovens tripulantes do ABN AMRO TWO se esforçaram ao máximo e por pouco não estragaram a festa dos mais velhos. Eu estava aqui torcendo!! Mas não deu, é certo que a partir de agora os tripulantes do ABN AMRO ONE ficarão de olhos bem abertos para cima deles. O ABN AMRO TWO é o maior rival e favorito em potencial a ganhar a Volvo.

No fim tudo deu certo. Os barcos estão em terra já em manutenção, as tripulações podem descansar e assistir a batalha final entre o ING Real Estate Brunel e os Piratas do Caribe. Entretanto, é fato que ficou faltando alguma coisa. A prova Volta ao Mundo se popularizou pelo grande desafio que representa aos competidores: risco constante, perigo eminente de vida e muita adrenalina 24 horas por dia. Mas essa etapa da África à Áustralia foi muito diferente do que esperávamos. Tirando o recorde batido pelo ABN AMRO TWO, não vimos os barcos congelando, nem ventos de até 60 nós, muito menos icebergs como em outras edições. Imagino eu que a ausência desses desafios deve ter frustrado os tripulantes.

No fim das contas essa é uma das únicas vezes que podemos dar uma “velejada” lá pelo pólo sul… e devido à obrigatoriedade da flotilha passar pelos Ice Gates no paralelo 42 sul, fomos privados de nos arriscar ainda mais?!

Pois é, mas a próxima perna promete. Depois que eles saírem do pit stop na Nova Zelândia as máquinas estarão rumando ao Rio de Janeiro. Aqui estaremos aguardando de braços abertos, prontos para ouvir estórias magníficas de planadas* em ondas gigantes, ventos fortíssimos e muita disputa… Finalizo do jeito que comecei, com um jargão popular, “Quem viver verá.”

Até! André.

* Planar – é quando o barco vence a sua velocidade de casco, isso é, quando o ele “descola” de toda aquela água que o segura e surfa como se fosse uma prancha.

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro

Last modified: janeiro 23, 2006

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