O espírito brasileiro segundo Lucas foi seu ponto forte na prova (foto: Divulgação/ Team ABN Amro)
Lucas Brun foi um dos velejadores escolhidos em uma seleção mundial para participar da Volvo Ocean Race. Na primeira perna em Vigo (Espanha), ele participou da regata in port como proeiro do barco, mas ficou de fora da perna oceânica.
Na época, o comandante Sebatien Josse afirmou que Lucas tinha ido muito bem, mas que precisaria escalar uma equipe mais pesada, com velejadores de mais força para enfrentar as condições do mar até a Cidade do Cabo (África do Sul). Assim, o jovem carioca foi para o banco de reservas e Gerd Jan Poortman, o Johnny, assumiu o posto.
E foi assim até o início da quarta perna, entre Wellington (Nova Zelândia) e o Rio de Janeiro, quando Johnny precisou se afastar da equipe devido à uma contusão durante a perna anterior. Lucas permaneceu na equipe como substituto até a chegada do barco aos Estados Unidos.
Promoção – Após completarem a perna cinco, Poortman já poderia reintegrar a equipe, pois estava recuperado da lesão. Porém, a competência do brasileiro falou mais alto. Ele se machucou e eu corri duas pernas porque ele não tinha condições, lembrou Lucas. Nos Estados Unidos o Sébastien iria decidir quem ia participar e me escolheu, porque conseguia regular velas melhor, disse.
Foi nesse momento que provei que era bom. Deram-me a oportunidade e eu não dei mole, agarrei com unhas e dentes, afirmou o orgulhoso velejador.
Lucas passou de proeiro para regulador de velas, o que na hierarquia de um barco pode ser considerado uma promoção. É um certo tipo de promoção, porque é o que eu quero fazer da vida, ser uma pessoa boa e apta para isso.
Com a entrada dele na equipe titular a mídia brasileira começou a prestar mais atenção no brasileiro, que comentou sobre a pressão de assumir o posto.
Não existe pressão, tudo tem seu tempo, brincou. É diferente do futebol, porque você está 20 dias no mar, não tem muita gente em cima de você pra te pressionar. A pressão é muito mais pessoal, nunca tive problema com mídia.
E o motivo dessa pressão pessoal se deve a ele ter um histórico de renomados velejadores na família. Todo mundo conhece o que meu pai e meu tio fizeram na vela, cometa ao se referir do pai Gastão Brun e do tio Vince Brun. Então, é mais uma pressão minha comigo mesmo, de ter que manter o nível. Eu sou um cara sortudo, eu faço o que eu gosto.
Tranqüilidade – Exemplo da forma tranqüila com a qual ele lida com a imprensa pôde ser observada na coletiva realizada em Portsmouth, para comentar o acidente com o Hans, onde ele lidou de uma forma tranquila com todas as câmeras, repórteres e questionamentos.
A gente teve aquela Press Conference [sobre a morte do Hans] onde falamos sobre um assunto muito delicado e todo mundo lidou de uma forma muito boa, lembra Lucas.
Após tantos meses no mar, enfrentando as mais diferentes condições, ele avaliou qual a perna mais tranqüila e a mais difícil durante a regata e qual seu ponto forte e o ponto fraco.
A mais tranqüila foi a volta da Inglaterra, tranqüila até demais que estava dando nos nervos, lembra Lucas após enfrentar ventos muito fracos nessa perna. Já sobre a perna mais complicada, prontamente lembra a perna em que ocorreu o acidente com o holandês Hans Horrevoets. Difícil foi a travessia do Atlântico, não vai ter como comparar com nenhuma outra durante alguns anos.
Após essa experiência de dar a volta ao mundo, o jovem velejador comenta sobre seu ponto mais fraco. A fraqueza eu considero no começo da prova, por eu ser o mais novo, o menos experiente em horas de velejada.
Espírito brasileiro – Já sobre o ponto forte ele não tem dúvidas De qualidade eu tinha o espírito brasileiro a bordo, brinca se referindo ao jargão popular de que os brasileiros não desistem nunca.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda