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De volta ao Brasil, Guilherme Spinelli fala sobre acidente e retorno ao Dakar em 2010


Guiga e Vívolo: 1º Dakar (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)

Guilherme Spinelli já está de volta ao Brasil após participar da primeira metade do Rally Dakar, na Argentina. O piloto, ao lado do seu navegador Marcelo Vívolo, não chegou ao Chile, de onde recomeçam as sete especiais restantes do maior rali do mundo neste domingo (11), graças ao capotamento de sua Mitsubishi na 6ª especial da prova.

“Já tínhamos passado por quase todo o trecho da especial, faltava apenas uns 50 quilômetros de dunas, e elas ficaram mais arredondadas, mais fáceis e quando eu descia tranqüilo uma delas na primeira ou segunda marcha, que é o máximo que conseguimos andar, já estava de olho em qual caminho pegar para subir a duna seguinte e não vi um degrau de uns dois metros que tinha na minha frente. Ainda mais com a ilusão de ótica que dá na areia, com aquele tipo de relevo, e então o carro caiu de frente, de bico e depois virou de cabeça para baixo”, explicou Guiga ao Webventure.

No capotamento, Vívolo bateu a cabeça fortemente no teto do carro e começou a sentir dores muito fortes na região do pescoço. O piloto relembra que após desvirarem o carro, aguardaram para ver se as dores de Marcelo diminuíam, o que não aconteceu. A partir disso foi acionar o resgate aéreo e dar adeus ao maior rali do mundo, que eles corriam com o carro tricampeão de Stepháne Peterhansel. Vívolo não sofreu nada além de um forte impacto que causou dores musculares. “Por um lado isso foi um alívio”, disse Guiga sobre a saúde do companheiro.

“Mas saímos com muita coisa nova que aprendemos, com um saldo bem positivo, internamente falando. Sem dúvida foi uma saída prematura. O rali não estava nem na metade e queríamos terminá-lo. Fomos pegos de surpresa com essa necessidade de sair no sexto dia, mas faz parte de uma competição como essa. É um risco constante do Dakar, já que mais da metade não segue no rali”, comentou.

F1 do Dakar – Durante todo o Dakar, Spinelli elogiou muito o carro, desenvolvido pela Mitsubishi da França. Para ele, o bom desempenho do carro superou, muitas vezes, sua inexperiência em certos tipos de terrenos, como as dunas.

“O carro é fantástico. Eu corro essa modalidade de rali desde 1999 e já pilotei muitos carros da Mitsubishi, mas esse é, de fato, um veículo que foi construído e desenvolvido por muito tempo pela equipe francesa com muito embasamento, o que o fez ser muito rápido, resistente. Foi incrível o que fizemos com ele em lugares que passamos e nada acontecia a ele, nem desalinhava a direção. Foi acima da minha expectativa. Já sabia que ele era um Fórmula 1 do rali, mas superou o que eu imaginava”, elogiou.

Spinelli e Vívolo estiveram sempre entre os primeiros da categoria carros nas especiais que fizeram. Com posições que ficavam em torno da 10ª e 12ª colocações, a estratégia deles foi conservadora para que a meta, chegar ao final do Dakar, fosse alcançada.

“Vivemos dia-a-dia aquelas diferentes regiões da Argentina, diferentes formatos das especiais e conseguimos fazer o rali dentro da nossa estratégia, que era andar rápido, mas ser conservadores, enxergando o rali até o fim. Acabamos conseguindo posições além da nossa expectativa”, relembrou.

E mesmo sem conhecer a prova africana, Guilherme já sentiu o gosto da “fama” do Dakar, de ser uma prova complicada à sobrevivência e à integridade dos competidores e equipamentos. “O Dakar é extremamente exigente não só para pilotos e navegadores, mas o carro, principalmente, é exigido ao extremo. Optamos por sermos bem rápidos em terrenos mais amenos, sem muitos obstáculos, e onde tinha muita pedra e tinha riscos fora do nosso controle, fomos mais conservadores”, completou ele lembrando que a organização da prova alertou que a segunda metade do rali será muito pior que a primeira, que já conta com uma baixa de aproximadamente 40% dos inscritos.

E mesmo com o gosto da despedida antes da hora e sabendo os riscos do Dakar, a prova de 2010 pode ter novamente a participação de Guiga e Marcelo. “A partir de segunda-feira vamos pensar na prova do ano que vem”, afirmou o piloto. “Sem dúvidas, o carro que eu corri não é o carro mais moderno, mas permite chegar ao fim do Dakar entre os dez primeiros e inclusive ganhar a categoria de veículos a gasolina. Então, se montarmos um novo projeto com esse carro, valeria a pena, sim, e eu voltaria ao Dakar com ele”, finalizou comemorando o retorno para casa, onde sua esposa, que está grávida, o esperava de volta.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi