Na noite da última quinta-feira (22/08), eles deixaram de lado trabalho ou descanso para discutir um assunto muito sério: a segurança nos esportes de aventura.
Treze convidados, profissionais do setor ou representantes de algumas das mais importantes entidades de aventura do país aceitaram o convite do portal para o chat que fez parte da 3ª Semana de Segurança Webventure. O evento também foi aberto aos internautas.
Entre os participantes do debate virtual estavam o tenente Pavão, especialista em resgate e primeiros socorros, os presidentes da Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo (FEMESP), da Associação Brasileira de Parapente (ABP) e da Associação Brasileira de Esportes de Aventura (ABEA) e o comissário da Confederação Brasileira de Automobilismo para rali cross-country. Atuando em diferentes modalidades, muitos tiveram ali a oportunidade de “conversar” pela primeira vez uns com os outros.
Os tópicos – Neste segundo ano de debate virtual, ficou claro o amadurecimento do assunto. Enquanto no ano passado as questões mais discutidas foram mais básicas como uso e custo de equipamentos, desta vez o debate teve como foco soluções para que a segurança seja aplicada a todos os envolvidos com aventura.
A tão falada normatização das empresas e operadoras do turismo de aventura esteve em pauta. E outras sugestões foram mencionadas, como a criação de um “selo de qualidade” e até programas de capacitação desenvolvidos nas próprias empresas e entidades.
Eventos seguros? – A segurança nos eventos de aventura foi outro tópico, esbarrando nas corridas de aventura e seus constantes testes aos limites dos atletas e o desafio de resgatar uma pessoa em locais de acesso complexo.
“Felizmente, os organizadores têm contado com estruturas satisfatórias de resgate. Contudo, observamos que novos organizadores surgem todos os dias e o público que tem procurado ultimamente as provas pequenas, principalmente, deveria ser melhor orientado”, observou Pavão, requisitado para auxiliar nas principais corridas de aventura.
Confira nos links abaixo um resumo do debate, com os principais pontos discutidos. O Webventure agradece a estas personalidades que estão, como o portal, cumprindo seu papel. Afinal, repetindo uma das frases colocadas logo no início do chat, “segurança é fundamental”.
Veja quem participou do chat e com quais apelidos:
Montanhismo e canionismo
Integrantes da Associação Cânions da Serra Geral, do Rio Grande do Sul;
Presidente da Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo (FEMESP);
Consultor Webventure de Montanhismo, praticante da modalidade e proprietário da Uggi Educação Ambiental;
Rafting
Atleta e coordenador de rafting da Canoar;
Off-road
Comissário da Confederação Brasileira de Automobilismo para rali cross-country e medidador do e-groups da modalidade;
Colaborador Webventure, praticante e organizador de eventos de moto off-road;
Vôo livre
Presidente da Associação Brasileira de Parapente e da Federação Paulista de Vôo Livre, advogado especialista em regulamentação de esportes de aventura.
Aventura
Bombeiro, especialista em resgate e atleta de corridas de aventura.
Presidente da ABEA (Associação Brasileira de Esportes de Aventura).
O debate ainda contou com a participação de internautas e das empresas Brasil Aventuras Expedições e Extremaventura.
Como profissionais da aventura, os convidados comentaram o que está sendo feito em suas áreas para garantir mais segurança aos praticantes. São experiências diferentes, algumas já vitoriosas. Dividimos esses depoimentos por modalidades. Confira!
Off-road
Zaca/Moto Off Road/SP: No enduro ou trilha procuramos conscientizar os iniciantes que o investimento inicial deva ser em sua segurança, equipamentos…
Detlef/Rally/SP: No rally cross-country temos a Abracc, uma associação de pilotos que tem como preocupação número 1 a segurança dos praticantes de nosso esporte! Fazemos sugestões concretas no regulamento que rege o nosso esporte e é supervisionado pela CBA. Um exemplo é a obrigatoriedade do uso de macacão anti-chama.
Webventure/SP: Quando isso surgiu, os pilotos/navegadores até reclamavam um pouco, sobretudo do CUSTO do produto. Hoje, parece um item totalmente aceito, não?
Detlef/Rally/SP: Muitos ainda reclamam, mas com certeza neste ano, no Rally dos Sertões, onde tivemos 3 carros incendiados, o valor deste equipamento foi percebido por todos!
Montanhismo e canionismo
Silverio/FEMESP/São Paulo:Minha experiência é com cursos de escalada. Nesse caso, a preocupação com segurança deve ser máxima. Mesmo assim há alguns problemas. Na FEMESP estamos preparando currículos mínimos para guias de montanha e cursos de montanhismo e escalada. Em breve todos terão notícias sobre isso. A idéia dos currículos mínimos é homologar guias e cursos, como se fosse um selo de qualidade da FEMESP
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: A idéia é estabelecer normas curriculares para praticantes e pessoas que queiram se tornar guias comerciais.Começa em vários níveis e subníveis a partir dos guias de caminhada, guia de escalada em rocha e no fim da historia os guias de escalada em gelo.
Fabio – Brasil Aventuras Expediç: Minha empresa ministra cursos sobre alguns esportes de aventura como o rapel, o canyoning e montanhismo. Também temos um núcleo de capacitação de profissionais, os quais chamamos de Líderes de Expedição. O grande problema é a falta de homologação destes esportes. Temos que nos unir para um melhor entendimento e aí sim conseguirmos controlar cada vez mais os esportes de aventura.
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: Gostaria de fazer uma reparação no texto do Fabio. Rapel não é esporte, é apenas uma técnica dentro do montanhismo.
ACASERGE: No canionismo adaptamos as regras da escola francesa (federaçao francesa de espeleologia) para as condições locais.
Corridas de aventura
Extremaventura: A Extremaventura criou no início do ano o PPAZ NA Aventura (Programa de Prevenção e Acidente Zero na Aventura) e está capacitando seus profissionais para atuarem com total segurança. É um programa destinado a corredores de aventura, divido em 7 módulos: socorros urgentes em áreas remotas, mínimo impacto, M.B, cavalgada, resgate em águas brancas, sobrevivência e técnicas verticais. O desenho do programa foi feito por nós e pela Marumby Montanhismo (Nativo). A partir do dia 31 estaremos abrindo ao público em geral. Para saber mais visite o site www.extremaventura.com.br
Rafting
Juneca/Rafting/ Brotas Sp: No rafting, estamos implantando regras a serem seguidas por todas as operadoras. Está começando a dar resultados, pois ninguém quer ser o errado nas normas. Com isso, se melhora equipamentos, formação de profissionais, etc… Na operadora de rafting todos os guias têm cursos especializados na área e passam por provas teóricas e práticas e estágio de três meses antes de conduzirem clientes. Fora isso, têm que fazer cursos de primeiros socorros.
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: A normatização, embora necessária, é uma coisa perigosa. Deve ser o mais democrática possível, escutando e envolvendo absolutamente todos os interessados.
Parapente
Claudio ABP/SP: A Associação Brasileira de Parapente possui normas regulamentares próprias, discutidas com sua comunidade, código de justiça desportiva e toda uma organização orientada sobre a leis desportivas nacionais. Eu pessoalmente sei a dificuldade que é conseguir um senso em comum com os praticantes.
Diversas idéias para se criar a consciência da segurança na aventura foram apresentadas no debate. Entre elas, a de um “selo de qualidade”.
Fabio – Brasil Aventuras Expediç: Acho que o grande segredo para o crescimento do turismo aventura no Brasil seria um trabalho em massa na capacitação de profissionais para a execução deste tipo de serviço, assim como a adequação das empresas que vendem este tipo de turismo.
Extremaventura: Concordo com o Fábio. Poderia ser criado um selo de qualidade que diferenciaria os promotores de evento.
Juneca/Rafting/ Brotas Sp: Acho que na verdade deveríamos orientar agências a passarem estas informações aos clientes (como, tempo de experiência da operadora, equipamentos utilizados, etc…) na hora da venda.
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: Capacitação e prevenção, sem dúvida, são ações difíceis de serem implementadas, mas estou certo que é melhor que levar de volta para casa um cliente/amigo etc quebrado ou morto.
ACASERGE: Cremos que o grande problema dos cursos e curriculos de guias é que não temos no Brasil uma entidade que os homologue conforme critérios internacionais. Em quais guias poderemos confiar? Quais cursos serão aptos a formar guias ou socorristas? O que tem funcionado é a confiança na tradiçao da entidade que os ministra, como o CAP, o COSMO…
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: O selo: da FEMESP não pode impedir ninguem de fazer barbaridades, porém será um aviso ao público sobre a idoneidade ou não de determinado guia.
Confira o final do chat.
PAVÃO: Um abraço a todos, estou à disposição no que puder contribuir para a segurança dos esportes de aventura. Brazilianfireman@aol.com , cel: 11 91913452.
Webventure: É incrível ver como vocês, que são expoentes dos seus esportes, têm tantas idéias e experiências para trocar e aprender uns com os outros. Acho que até é uma surpresa, pois muitos aqui nunca devem ter tido contato com os outros…
Marcelo Krings Montanhismo São Pa: Senhores, muito obrigado pela disposição.
ACASERGE: Gente, foi um prazer participar do chat.
Detlef/Rally/SP: Foi bem interessante sim, pois todos têm algo em comum, o gosto pela aventura!
Silverio/FEMESP/São Paulo: Foi um prazer, marquem outros.
Fabio – Brasil Aventuras Expediç: Parabéns pela iniciativa, espero poder participar de outros.
Zaca/Moto Off Road/SP: Boa noite e foi um prazer!
Polé: Obrigado pela oportunidade. Estarei à disposição de todos que participaram. Gostei muito dos temas discutidos, só assim conseguiremos construir alguma coisa. Deixo aqui meus parabéns ao Clemar pelos 122 itens de segurança que ele lançou. Ficamos orgulhosos de tê-lo como assessor da presidência da ABEA. Um abraço a todos; o nosso email é: esportes.abea@uol.com.br
Este texto foi escrito por: Webventure