Ao lado de Youssef Jean foi o melhor brasileiro no Sertões de 2009 (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)
Depois de conquistar antecipadamente seu segundo título Brasileiro consecutivo no último sábado (14), durante o Rally das Serras, o piloto Jean Azevedo já iniciou suas projeções para o futuro: aumentar sua geração de verbas em 2010 para trocar de carro, visando o Dakar 2011.
Nas provas brasileiras, eu tenho um carro muito bom, que permite a disputa do campeonato mas, no Dakar, estamos bastante defasados em relação ao equipamento. A minha ideia era já ter trocado para 2010, mas não conseguimos verba para isso. Então, o objetivo para o ano que vem, além de defender os títulos aqui no Brasil, é juntar dinheiro para entrar em 2011 já com um carro melhor, disse o piloto, que em janeiro participará pela 12ª vez do Dakar, a 2ª vez de carro, pilotando um Mitsubishi Pajero Full.
Além do título Brasileiro, Jean, ao lado do navegador Youssef Haddad, conquistou outros títulos significativos em 2009, entre eles a 1ª colocação no Rookie Challenge do Rally Dakar e foi o melhor brasileiro no Rally dos Sertões. Acho que foi dentro do nosso planejado. Em função dos bons resultados que tivemos logo no primeiro ano, começamos este ano com uma cobrança maior, inclusive de nós mesmos. Graças a Deus tudo deu certo e conseguimos fazer outro bom ano, contou.
Carreira desde os 12 – Vindo de uma família ligada ao automobilismo, em que o pai sempre foi muito aventureiro e o irmão mais velho, André Azevedo, primeiro brasileiro a competir no Rally Dakar e hoje piloto de caminhão, Jean começou a participar de competições aos 12 anos, já com objetivos traçados.
Desde que comecei, aos 12, eu coloquei como objetivo seguir essa carreira e conquistar resultados. De lá em diante, sempre batalhei passo a passo para conseguir investimentos, técnicas e melhores opções. Os resultados são consequência de uma série de fatores e eu sempre busquei reunir todos eles, explicou o piloto, que ganhou a primeira moto aos cinco anos de idade.
Uma das maiores dificuldades encontradas por Jean, no começo, foi a falta de patrocínio, superada por seus grandes resultados. Quando não se é conhecido, é difícil arrumar patrocínio. Mesmo quando é, já é difícil. Ao virar profissional, que eu tinha apoio da Petrobras, ficou mais tranquilo. O maior desafio, a partir daí, foi, e ainda é, a competitividade entre os pilotos, disse o piloto, que é pai de duas crianças.
Desde 2008, Jean optou por promover mudanças em sua carreira. Depois de ser hexacampeão Brasileiro de Rali Cross-country e penta campeão do Rally dos Sertões e da Copa Baja pela categoria motos, o piloto resolveu explorar novos horizontes, em busca de maiores desafios.
Eu já vinha pensando em mudar desde 2005 porque, na verdade, eu cheguei em um ponto da moto em que ganhei tudo que tinha para ganhar no Brasil, além de algumas coisas fora. No entanto, meu grande objetivo, que era ganhar o Dakar, eu comecei a ver que eu não ia conseguir concretizar por falta de apoio. Comecei a me sentir desmotivado na categoria, contou. Então, comecei a pensar nessa mudança como um desafio meu, ter que começar de novo e conquistar de novo, até para ganhar essa motivação extra de ter que ir atrás de resultados novamente, completou.
E os resultados vieram logo, fruto de uma adaptação muito rápida à nova categoria, em parte pelo apoio recebido na mudança. O patrocinadores continuaram apoiando a equipe, mesmo com a mudança para os carros. Isso foi muito importante para eu continuar tendo orçamentos para brigar. E eu não imaginava que, com tão pouco tempo, poderia estar disputando as primeiras posições, disse Jean, que logo em sua estréia foi campeão do Rally Cerapió, em janeiro de 2008.
Experiência – Depois de anos, a experiência adquirida pelo piloto não torna mais a adrenalina um fator negativo durante as competições. Emoções, como ansiedade, não interferem mais nas disputas.
Com o tempo, você vai acostumando. A expectativa diante da prova e a adrenalina vão se tornando coisas casuais, mesmo com a busca pelo resultado sendo sempre igual, explicou o Jean, que contou que a prova mais marcante da carreira foi o Dakar de motos em 2003, ocasião em que terminou em 5º lugar no geral depois de 3 anos sem disputar a competição, melhor resultado brasileiro na categoria até hoje.
Segundo Jean, a fórmula para se tornar um bom piloto é trabalhar forte, ter apoio e contar um pouco com a sorte. Ter apoio é fundamental. Sem ele, você não consegue chegar a lugar nenhum. Um pouco de sorte também, já que competir está ligado a esse fator. E trabalhar bastante, não desistir nas derrotas. As derrotas servem de experiência para você vencer mais para frente, finalizou.
Este texto foi escrito por: Caio Martins
Last modified: novembro 17, 2009