Nesta coluna de Carlos Sposito, leia a continuação do Desafio Volta da Floresta, a corrida pela trilha do Parque Nacional da Tijuca.
O relógio marcava 10h21 quando exterminamos nosso segundo sanduíche de queijo e um punhado de castanhas de caju, enquanto batíamos papo com dois Guardas Florestais Municipais. É claro que mais alguns chocolates mudaram de lugar, alterando nossos centros de gravidade.
Desta vez a parada durou mais de vinte minutos onde, além de comer, descansamos um pouco e nos reabastecemos no segundo e último ponto de água dentro de nosso planejamento.
O início do Terceiro Dia da Trilha Externa Major Archer passa pelo final do segundo dia até a bifurcação Pico da Tijuca x Bico do Papagaio, onde seguimos em direção ao segundo.
Subidas desgastantes – Em poucos minutos de corrida aparece o desvio para uma rápida subida ao Morro do Archer (alt. 817m), voltando em seguida para a trilha principal que nos levaria, através da Gruta do Navio e da Gruta do Papagaio, para a bifurcação (alt. 860m) que aponta para as duas mais desgastantes subidas de toda a Trilha Externa: o Bico do Papagaio (alt. 989m) e o Morro da Cocanha (alt. 975m).
O interessante para nossa corrida é que este trecho, do Bom Retiro até a bifurcação, é bastante horizontal (guardadas as devidas proporções, é claro!), o que nos deu condições de correr contra o relógio compensando a baixa velocidade em algumas subidas mais íngremes.
Quem conhece a subida do Bico do Papagaio sabe que é tecnicamente quase impossível se fazê-la correndo, dada a quantidade de escalaminhadas até o cume. A chegada foi acompanhada de algumas fotografias de uma esplendorosa vista e vários goles dágua, tudo isto como justificativa para um pequeno descanso.
“Íngreme e escorregadio” – A descida, cansativa para quem já estava em atividade de alta intensidade há algumas horas, terminava exatamente na base do Morro da Cocanha, e é definida como íngreme e escorregadia, termo usado no perfil esquemático oficial da Trilha Externa Major Archer feito pelo topógrafo do IPP, Denis Leite Gahyva.
A chegada ao cume ofereceu-nos na outra face um trecho muito íngreme e escorregadio, novamente conforme o mesmo perfil esquemático, que descia violentamente até a cota de 731m, no Platô do Céu. Isto forçou bastante nossos já doloridos joelhos, durante toda a descida.
Mal descansamos alguns minutos correndo horizontalmente e já estávamos subindo um novo trecho íngreme que nos levava à bifurcação (alt. 800m) entre o Castelo da Taquara (alt. 736m), que nos obrigou a descer e retornar, e o Morro da Taquara (alt. 811m), um pouco mais perto da bifurcação. Neste ponto, em que o relógio marcava 13h02, fizemos uma pequena parada, o suficiente para comer nosso famoso e já consagrado pelo uso, macarrão ao alho e óleo!
A descida pelo Caminho do Sertão deu-nos novamente um bom trecho de corrida contínua e veloz para que tirássemos o atraso dos trechos mais difíceis que havíamos cruzado, chegando finalmente, após passarmos pela Ponta da Cova da Onça (alt. 482m), ao final do Terceiro Dia da Trilha externa.
O relógio indicava 14h16, mostrando que já corríamos há sete horas e nove minutos. A alegria começava a tomar conta da gente, visto que a pior parte já havia acontecido, restando o trecho mais fácil e tranqüilo de toda a Trilha Externa.
Depois do terceiro sanduíche de queijo e mais algumas castanhas, iniciamos o Quarto Dia partindo para o Alto do Mayrink (alt. 525m), Morro do Almeida (alt. 535m), descendo em seguida para o Alto do Cruzeiro (alt. 505m), Picadeiro (alt. 425m) e chegando ao Museu do Açude, na cota 400 metros.
A partir dali iniciou-se uma subida um tanto íngreme até o Alto dos Fernandes (alt. 522m), seguida de alguns sobe-e-desce até o Morro do Visconde (alt. 517m), com um pequeno desvio até o Mirante da Cascatinha (alt. 510m). Naquele ponto já podíamos comemorar o término do desafio pois, apesar da descida íngreme e escorregadia, conforme o topógrafo Denis Gahyva, não havia mais nenhuma subida até o término do Quarto Dia da Trilha Externa Major Archer.
Chegamos ao mesmo ponto em que havíamos partido oito horas e sete minutos antes, exatamente às 15h14. E quem nos conhece o suficiente pode deduzir que, durante a última hora de corrida, nos trechos em que a freqüência cardíaca nos deixava fôlego para conversar, já estávamos discutindo os detalhes de nosso próximo desafio…
Clique aqui e leia a primeira parte do Desafio Volta da Floresta.
Este texto foi escrito por: Carlos Sposito
Last modified: setembro 24, 2002