Esporte que promete agradar crianças e adultos começa a se expandir agora no Brasil (foto: Alaya Expedições.)
Desde que foi criado, em 1912, o personagem de histórias em quadrinhos Tarzan desperta a imaginação de crianças e adultos. Deixado em uma floresta ainda bebê e criado por macacos, o pequeno nobre inglês cresceu e desenvolveu uma fantástica habilidade de subir em árvores e conviver com os animais e paisagens das copas mais altas.
Dizemos que sente-se um Tarzan aquele que gosta de subir em árvores, pendurar-se em cipós ou sair gritando, como o herói dos quadrinhos, no meio da mata fechada. Não é tão prático, porém, imaginar que possamos, como ele, atingir os pontos mais altos, sentindo o frio na barriga e olhando a mata verde como os pássaros. Para nos ajudar a ter um pouco esta sensação, foi criada uma atividade especial, o arvorismo.
Além de fazer você conhecer mais de perto as árvores de áreas naturais, o arvorismo também ajuda no desenvolvimento da concentração, do equilíbrio e da força. Um exercício de paciência, coragem e superação.
Este Aventura Brasil contará um pouco da história do arvorismo, como ele está sendo praticado no Brasil, o impacto que ele causa e suas principais normas de segurança. Aproveite para, a partir de agora, caminhar de galho em galho e viver, você também, o seu momento Tarzan.
Em cidades grandes como São Paulo, no lugar de grandes árvores, verdes e fortes, o que vemos são os prédios, cada vez mais altos. A poluição, os carros e ônibus apressados, o barulho dos motores tiram de seus habitantes a possibilidade do contato cotidiano com a natureza. A falta de ar puro, de beleza natural e de verde fazem com que esqueçamos determinadas sensações.
O arvorismo, como os outros esportes de aventura, surge para ajudar no restabelecimento deste contato. O arvorismo é realizado em um percurso aéreo. No caso da Verticália, que será aberta no fim do mês em Brotas (SP), há um total de 36 atividades como escadas móveis, fixas, travas soltas e tirolesa, entre outras e que estão divididas em cinco seções. A cada seção ultrapassada a dificuldade aumenta, exigindo mais habilidade com os equipamentos utilizados, explica Luciana Pires da Alaya Expedições, uma das empresas responsáveis poe trazer a atividade ao Brasil.
Criado nos Estados Unidos há aproximadamente quatro anos, o arvorismo já é praticado em outros países do mundo, como França e Nova Zelândia. Na América Latina, o primeiro país a construir circuitos para a atividade foi a Costa Rica. No fim deste mês, acontece o lançamento oficial no Brasil. Embora algumas empresas já o façam como parte de atividades eco turísticas, esses são os primeiros circuitos próximos de grandes centros urbanos.
Trata-se, portanto, do nascimento de mais uma atividade outdoor no país que visa, principalmente, a educação e a integração com a natureza. Acreditamos que as pessoas que mais procurarão o arborismo serão as crianças em idade escolar, muitas vezes acompanhadas de suas famílias, explica Luciana Pires.
Já existe uma Associação Internacional de arvorismo, voltada principalmente a dar suporte e instruções para os que desejam construir circuitos e explicar as necessidades de conservação, evitando o impacto ambiental. O site da Associação é www.treeclimbing.com.
O certo é que a descoberta de uma forma diferente de observar a natureza promete misturar adrenalina e a sensação de liberdade à concentração, atenção e controle. Mesmo o risco sendo pouco, devido aos equipamentos de segurança utilizados, é impossível não sentir um frio na barriga caminhando em uma ponte pênsil entre duas árvores a uma altura de até dez metros.
Segurança – Para garantir a segurança de seus praticantes, os circuitos de arvorismo devem contar com equipamentos adequados e pessoas treinadas tanto para dar instruções corretas quanto para um eventual resgate.
Os sistemas de travessia devem ser sempre sistemas duplos de segurança, isto é, o usuário está sempre preso simultaneamente em dois lugares pelo menos, e os equipamentos de segurança devem ser homologados internacionalmente. Em Campos, em todas as transições entre sistemas de travessia (entre uma ponte e uma tirolesa por exemplo) , o usuário é acompanhado por um monitor especializado, explica Udo Wagner, da Altus Turismo, empresa que está levando o arvorismo a Campos do Jordão.
As dificuldades para o usuário variam conforme os sistemas de subida, travessia e descida utilizados, mas geralmente qualquer pessoa pode fazer a atividade desde que em condições normais de saúde.
Se há um ambiente pouco acostumado com a presença de pessoas, este é o alto das grandes árvores. Além dos animais que lá vivem, as próprias plantas, flores e folhas dos mais diversos tipos não estão preparados para receber, simplesmente, centenas de visitantes, por mais que a curiosidade e a vontade destes seja a de preservar aquilo que está sendo tocado.
Evitar este impacto é um dos maiores desafios para os montadores dos circuitos de arvorismo (também chamado de arborismo) no Brasil. Afinal, fazer com que as árvores visitadas não sejam degradadas pelos visitantes, nem tenham partes modificadas pelos aparelhos, requer criatividade e iniciativa.
Como a atividade está começando a se desenvolver agora no país, é importante que seus praticantes atentem para isso. Se uma área estiver sendo destruída para que seja feito o arborismo, todo o intuito da prática se perde. E as belezas que deveriam ser observadas acabariam sendo destruídas.
Uma das opções encontradas é a criação de áreas específicas onde o arvorismo possa ser praticado sem que nenhuma árvore precise ser derrubada ou tenha a sua estrutura modificada. A Alaya, em Brotas (SP), encontrou uma solução criativa: comprou uma área, onde existia uma plantação de cana de açúcar, plantou no lugar mudas de árvores de mata ciliar.
Todas as estruturas são colocadas em eucaliptos tratados. Embora passeiem por entre as copas das árvores mais altas, nenhum praticante irá tocá-las. É uma forma de garantirmos a presença dessa natureza por muitos anos, explica Luciana Pires, da Alaya.
Outro circuito que está pronto para ser inaugurado, o da Altus Turismo em Campos do Jordão, contou com esta preocupação. As dificuldades técnicas de se montar um arborismo, principalmente com objetivo de contemplação tende a ser maior, pois as próprias árvores são o suporte da atividade, e não podem ser prejudicadas. Por isso, para minimizar o impacto nas árvores é necessário planejar com muito cuidado, e fazer a construção dos sistemas de forma segura tanto para o usuário como para a própria árvore, explica Udo Wagner, responsável pelo circuito da Altus.
Em Campos, também foi utilizada a opção de montar as estruturas em árvores não nativas, como eucaliptos, que seriam derrubados. Montamos todos os sistemas de maneira a não interferir com estas árvores exóticas, construindo por exemplo plataformas que são apenas encaixadas e amarradas em torno dos troncos das árvores, sem a necessidade de fazer furos nos troncos ou danificarmos as cascas, conta Udo.
Por todos esses cuidados, a natureza agradece.
Existem várias formas de se praticar o arvorismo. Mesmo que você não vá ficar pendurado como o Tarzan, não pense que será tedioso chegar ao topo de árvores. Se parece menos radical do que outras atividades de aventura, pode ser igualmente instrutivo e trazer, sim, bastante adrenalina.
Uma das formas de aproveitar esse passeio diferente é contemplando. A subida na copa das árvores possibilita uma forma de se observar a natureza de um ângulo diferente. É possível sentir a estrutura das árvores, seus troncos, galhos, folhas, além dos habitantes das copas, como pássaros, orquídeas e outros. Neste caso, sempre se está próximo da copa das árvores, e a estrutura das próprias árvores acaba dando suporte às atividades. Trata-se de uma boa opção, principalmente para alunos visualizarem, por exemplo, conceitos aprendidos na sala de aula.
Outra possibilidade é a abordagem. Aqui, o objetivo é o aproveitamento das técnicas de subida, travessia e descida, utilizando-se de diversos equipamentos e técnicas. A contemplação e contato com a natureza fica em segundo plano neste caso. Aqui, o suporte das atividades é feito basicamente por postes, ficando as árvores relativamente distantes da atividade em si, conta.
Na abordagem de contemplação a proximidade das copas das árvores e a qualidade da paisagem observada é fundamental, já a abordagem acaba sendo muitas vezes feita em postes onde há relativamente pouca mata.
Em Campos do Jordão, adotou-se uma concepção que para as duas abordagens: predominam os sistemas esportivos de travessia, que dão uma emoção mais forte. Porém, são utilizadas as copas das árvores como ambiente das atividades e a estrutura das árvores como suporte, em meio a uma paisagem absolutamente deslumbrante, a quase 1.800 metros de altitude, com vista para o Vale do Paraíba e região da Pedra do Baú. Em Brotas, as duas práticas também são possíveis.
Conheça os circuitos de arvorismo que serão inaugurados nas próximas semanas e aproveite a oportunidade de conhecer esta atividade, que está praticamente nascendo no país. Caso conheça algum outro circuito, entre em contato com o Webventure para possamos divulgá-lo aqui.
A atividade acontece na cidade de Brotas (SP) e é realizada pela Alaya Expedições. O circuito já está montado, restando apenas algumas obras de infra-estrutura geral. A previsão é de que a inauguração aconteça na primeira quinzena de dezembro. Maiores informações podem ser obtidas através do e-mail alaya@alaya.com.br.
Uma falsa baiana com vista para o Vale do Paraíba, seguida de uma ponte pensil, um rapel guiado e uma tirolesa de quase 120 metros de comprimento, uma das maiores do país, são alguns dos atrativos deste arborismo, que cruza um belíssimo trecho de Mata Atlântica de altitude.
Dia 16 de novembro acontece o lançamento Oficial em Campos do Jordão.
Para obter maiores informações sobre este circuito, acesse o site www.altus.tur.br.
Este texto foi escrito por: Debora de Cassia