O descanso é só pra inglês ver afirma Klever. (foto: Samir Souza / Webventure)
Os veículos que ainda sobrevivem ao Dakar 2003 não vão acelerar pelo deserto nesta segunda-feira (13/01). É o dia de descanso da prova, que vem se tornando uma tradição nos últimos anos e foi adotado até aqui no Brasil, no Rally dos Sertões.
“O descanso é só pra inglês ver”, brinca o piloto brasileiro Klever Kolberg (Petrobras Lubrax). “Todo mundo trabalha, inclusive a gente ajuda a encontrar as soluções para o que precisar ser feito no veículo. Mas é um descanso da pilotagem, da adrenalina”.
Se não há especiais, é o momento de se tentar reparar os estragos causados pelas 11 etapas anteriores ou fazer alguma modificação buscando resultados melhores nas seis que faltam. Com total de 17 estágios, o Dakar começou no primeiro dia do ano, na Europa. No dia 5 chegou à África e desde então dunas e terrenos pouco amigáveis vêm desafiando motos, carros e caminhões.
Acampadas em Siwa (EGI), as equipes de apoio, sobretudo os mecânicos, vão ser muito exigidas nesta segunda-feira. O Dakar é uma prova de disparidades: de um lado há as superequipes de fábrica com um exército de engenheiros, mecânicos e assistentes exclusivos do time; de outro lado, a maioria que opta por contratar apoios que são divididos com outros competidores.
Estrutura para os brasileiros – Na equipe brasileira Petrobras Lubrax, única do país na edição 2003, a estrutura de apoio é diferente para a moto de Jean Azevedo, o carro de Klever Kolberg/Lourival Roldan e o caminhão de André Azevedo.
Um caminhão Tatra 4×4, pilotado pelo tcheco Petr Vodrak e navegado pelo brasileiro Geraldo Lima, que é o mecânico da moto de Jean, transporta peças para os dois veículos dos irmãos Azevedo e o material da equipe.
O Mitsubishi Pajero de Klever conta com o apoio da Ralliart. O time apóia outros sete carros deste modelo pertencentes a equipes estrangeiras. A estrutura é composta por 20 pessoas numa Pajero e num caminhão 6×6 transportando, ao todo, 48 toneladas de equipamentos. Mas o brasileiro está preocupado: “a Ralliart perdeu dois dos três caminhões de assistência por problemas mecânicos. Isso significa que temos menos peças de reposição e diminuiu o número de mecânicos. E ainda falta mais uma semana de prova até Sharm El Sheikh.
Jean tem ainda o apoio da KTM, dividida com outros 44 pilotos. É composta por três caminhões 6×6, mais um caminhão 4×4, com 16 pessoas e 42 toneladas de suprimentos.
Na terra de Cleópatra – “Só o motor não vai girar, mas a gente vai trabalhar praticamente 24 horas neste dia. Quem sabe dê também para aproveitar e tomar um bom banho”, finaliza André. Diz a lenda que em Siwa, a rainha Cleópatra tinha um de seus palácios e se banhava nas águas quentes do oásis.
O local foi escolhido a dedo pela organização para esta pausa. É o oásis mais secreto do Egito, com 1.600 fontes, colinas douradas, palmeiras e oliveiras. Longe de constituir uma ilha perdida no deserto, ele está ligado a grandes cidades por importantes rotas que provavelmente são utilizadas desde os tempos remotos.
Na antigüidade a cidade era conhecida pelo misterioso Templo do Oráculo de Amon-Ra (deus egípcio), que Alexandre, O Grande conquistou. Foi lá que ele foi proclamado não apenas filho de Zeus, o deus grego, mas também filho de Amon-Ra.
Depois do dia de descanso, começa a segunda e decisiva parte do rali. A chegada será no domingo, dia 19/01, em Sharm-el-Sheik, também no Egito.
Este texto foi escrito por: Webventure