Roberta Borsari terminou o mundial da Costa Rica na oitava colocação (foto: Norio Estevam)
Roberta Borsari escreve direto da Costa Rica, onde terminou na oitava colocação no Mundial de Kayaksurf na disputa individual, sua melhor marca até agora. Neste diário, ela conta sobre a satisfação de competir um mundial e de suas impressões sobre a prova.
Muita coisa aconteceu desde o ultimo texto que escrevi. As provas individuais começaram no sábado. Como havia falado, todas as categorias disputaram as suas primeiras baterias, que se caracterizam pelo nervosismo da estréia.
Todos que estão ali investiram seu tempo, dinheiro, vida pessoal e principalmente a sua expectativa na busca de bons resultados para seus países. E a competição é cruel: não passou, volta pra casa!
Nós ficamos diante daquelas equipes numerosas, com estrutura, equipamentos de altíssima qualidade e tudo mais e nos sentimos literalmente desbravadores, que vão ao ringue com a cara e coragem de quem quer fazer algo diferente na sua vida.
Progresso – A cada bateria que você passa, segue para a competição do dia seguinte. E foi o que aconteceu comigo, fui passando em minhas baterias, nem sempre com as melhores condições de onda que desde o melhor dia no treino de sexta feira (véspera da competição) com um metro e meio a dois metros, foi baixando terrivelmente e se misturando com ventos e chuva.
Hoje cheguei nas semifinais, última etapa antes de participar de uma final. O sol já está brilhando aqui na Costa Rica e você começa a acreditar que algo pode acontecer por você. Competi às 9h40, com três californianas. Na competição só restaram uma escocesa, as americanas e eu. As outras (inglesas, irlandesas, espanhola…) já tinham saído.
A maré alta e baixa faz com que o mar fique diferente a cada hora, e na minha bateria de semifinal ele não trouxe boas ondas para nós, e nem pra mim…Não passei.
É muito difícil administrar uma derrota quando você vem de uma fase muito boa, não enxerga tudo o que conquistou. Naquela hora eu só enxergava que não tinha passado para final. Mas a final era muito mais do que eu poderia esperar quando cheguei aqui na Costa Rica.
Moro numa cidade que não tem praia e tenho que viajar duas horas de carro pra pegar onda, isso quando tem. De repente estou ali disputando a penúltima bateria com as californianas que têm de dois até três metros de onda na porta de casa. Aí pensei que a minha vitória é muito maior.
Bebeta em oitavo – Fiquei com a 8a posição no ranking oficial num total de 30 competidoras, melhorando 5 posições desde o mundial de 2003. Estou orgulhosa de mim por estar entre as TOP 10 do mundo, o trabalho que faço na canoagem no meu país não é de hoje. Não é um treino de seis meses, vem de muitos anos. Nos esforçamos para que o esporte possa crescer, que mais pessoas possam descobrir coisas saudáveis, com boa influência e convívio com a natureza, e gostaria que mais pessoas acreditassem no esporte competitivo no nosso pais.
O kayaksurf brasileiro está em evidência neste mundial, temos um estilo e kayak próprio que chamou muito a atenção dos gringos, nós fazemos um desenho diferente na onda e todos comentaram isso. Com certeza não estamos passando batido!
Temos as provas por equipe ainda, que estaremos correndo junto com Japão, Costa Rica e Argentina, provavelmente em Boca Barranca. As finais de todas as categorias aconteceram no próximo final de semana. E o próximo mundial já tem lugar definido, Mundaka, na Espanha!
Estaremos lá!
PURA VIDA
Bebeta
Este texto foi escrito por: Roberta Borsari, atleta brasileira no Mundial de Kayaksurf
Last modified: outubro 26, 2005