Proa do barco 2 lascada (foto: Team ABN Amro)
Um dos velejadores profissionais da equipe ABN Amro na Volvo Ocean Race, o experiente Mike Sanderson, fala em seu diário de bordo da travessia transatlântica do barco 2 de Portugal até os EUA.
Direto de algum lugar do Oceano Atlântico Bem, a noite foi tão espetacular como a gente esperava. A única coisa negativa foi que a frente da alta pressão se moveu para o norte e acabou nos engolindo muito antes do que a gente esperava. Isso significou que em vez de manter o vento até a hora do almoço, acabou com ele lá pelas quatro da manhã. Para falar a verdade, para nossa primeira noite completa de vento de popa de mais de 30 nós, a gente até que esperava uma quebrada… hahaha.
Foi muito vento e o estado do mar estava bem mexido com aquelas ondas curtas, irritantes. Em vez do barco ir surfando e descendo cada uma delas, tinha que ir furando uma por uma. Muita água era lançada pelo ar quando o barco atingia a próxima onda a uns 32 nós de velocidade (60 km/h)!!!!
O barco, no entanto, correspondeu lindamente. Todo o trabalho que foi feito depois daquilo que aprendemos com a nossa viagem até a Holanda valeu a pena. O tempo dedicado foi o melhor investimento que poderíamos ter feito.
O outro desapontamento da noite foi que mais uma vez atropelamos alguma coisa e tiramos um naco da proa… pobre proa. Não sei bem o que é que foi, dêem uma olhada na foto. Deve ter sido um tronco ou um barril ou sei lá. Com certeza não foi uma baleia ou um container, já que não diminuiu muito a velocidade.
Foram três belas batidas uma na proa, outra na quilha e a terceira no leme. Assim mesmo descemos a genoa grande imediatamente e checamos tudo. Quando ficou comprovado que não estávamos fazendo água e que não teria nenhum problema maior de continuar forçando, subimos a fracionada Código 6 e fomos em frente outra vez…
Ainda estava fazendo mais de 30 nós no breu total, apenas esperando ter um pouco mais de sorte e não atingir alguma outra coisa, especialmente se for maior ou mais dura. Enquanto isso os ventos fracos voltaram hoje e mais uma vez à noite vai aumentar muito.
Do estilo “arrancar cachorro das correntes”. É isso, em resumo, uma prova de oceano para vocês entenderem. Aproveitamos o vento fraco para dar uma lavada no barco uma refeição quente e, tomara, uma dormida básica e depois começa tudo de novo. Aquelas asas de frango apimentadas do bar em Newport estão cada vez mais perto, a cada segundo…
Falamos logo mais.
Saudações,
Mike.
Este texto foi escrito por: Mike Sanderson, do Team ABN Amro