Webventure

Diário 9 do comandante Mike Sanderson

Um dos velejadores profissionais da equipe ABN Amro na Volvo Ocean Race, o experiente Mike Sanderson, fala em seu diário de bordo da travessia transatlântica do barco 2 de Portugal até os EUA.

Direto de “algum lugar” do Oceano Atlântico – Dia, pessoal… Outro dia grandioso aqui em alto-mar. Testando velas e passando o tempo entendendo melhor o barco.

O ABN AMRO é muito maior e possante do que os 10 pés que o separam do Volvo 60. Tem sido um barco muito fascinante. Muito maneiro, muito veloz e ágil para o seu tamanho. Comparando com o Volvo 60 é um barco digamos, rápido mesmo, sem dúvida.

Estamos constantemente aprendendo muito sobre o ABN Amro. O barco se comporta de maneira especial! E nós fizemos algumas modificações em alguns detalhes depois da viagem a Roterdã, sinônimo de que foi tempo bem gasto. Tudo sempre muito produtivo até agora. A equipe como um todo fez um trabalho excelente ao usar o tempo que temos para fazer o melhor possível, fazendo mais testes e o maior número possível também de desenvolvimento.

A viagem então tem sido de ótimos testes e de uma ótima curva de aprendizado. É ótimo estar no mar com bastante prazo antes da largada da VOR. No final foi um bônus ter uma viagem tão boa e que tanto valeu a pena. No caminho de volta vamos ver se temos sorte também!

É que foi com sentimentos variados que ficamos sabendo pela manhã que o barco da Telefônica tinha quebrado o recorde de distância em 24 horas para barcos monocasco. Um recorde que era nosso, meu, do Brad, do Sidney e do Jan, a bordo do Mari Cha IV.

A notícia ruim, é claro, é que o recorde não é mais nosso. A boa notícia, no entanto, é que confirma como podem ser espetaculares esses Volvo 70 quando um belo vento se faz presente por um período longo de tempo. De qualquer maneira ficam aqui, por enquanto, os nossos parabéns para toda a equipe do Telefônica/ Movistar. Foi um esforço gigantesco.

Nós mesmos tivemos alguns períodos impressionantes durante períodos curtos nessa travessia. Infelizmente um dos pontos negativos de atravessar o Atlântico nessa direção é que, mesmo quando você está indo a favor do vento os sistemas meteorológicos continuam no seu fluxo de Oeste para Leste.

Isso quer dizer que nunca você consegue estar no mesmo sistema por muito tempo. Resta agora a nossa viagem de volta… O desafio foi lançado… Beleza! Quem sabe em que números vamos estar falando ao final da VOR? Será que 600 milhas por dia são possíveis nesses barcos? O tempo dirá.

Mas vamos voltar ao nosso convés. Estamos em uma aproximação final para Newport muito interessante. Faltam apenas 350 milhas para o baixio de Nantucket e depois apenas mais 60 milhas para a chegada. O vento rodou para Sudoeste e está crescendo. Parece que vamos ter até umas 40 milhas de vento o que significa mais uma jornada bem molhada.

Nesse instante o barco parece que está andando sobre trilhos, voando a 16 nós. Os tripulantes a bordo que estão acostumados com os barcos multicascos dizem que a sensação é muito parecida.

E voltando a nossa proa: naturalmente que ela já não é mais tão aerodinamicamente boa como antes. Mas isso não teve, realmente, impacto negativo na nossa viagem. Um dano como o que tivemos significa que sempre um pouco de água indesejada acaba entrando. Mas essa parte do barco é projetada para ser sacrificada mesmo. Uma nova peça já está sendo fabricada em Lelystad. Depois de pintá-la e colocá-la no lugar o barco está novo de novo.

Bom, por hoje é só. Antes aproveito para desejar uma boa viagem à nossa Equipe de Terra que voa amanhã (08/4) para nos encontrar em Newport. Até lá, por enquanto.

Saudações,
Mike.

Este texto foi escrito por: Mike Sanderson, do Team ABN Amro