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Diário da Expedição Everest sem Oxigênio – 20 de maio


Vitor Negrete (de vermelho) e Rodrigo Raineri (à direita) se preparando para a primeira subida ao acampamento base avançado em abril (foto: Arquivo Pessoal/ Vitor Negrete)

Depois de resolver descer do acampamento dois e desistir do primeiro ataque ao cume, os montanhistas Vitor Negrete e Rodrigo Raineri, da Expedição Everest sem Oxigênio, contam quais foram os fatores para essa decisão e os planos para os próximos dias.

Direto do acampamento um do Everest – Nós acabamos de tomar uma decisão muito difícil, que é a de descer novamente e esperar um dia melhor para atacar o cume do Everest. Efetivamente nós estamos muito próximos do cume, enxergamos ele muito perto. Em uma logística de ataque, a gente não teria mais nenhuma noite de sono, a gente subiria até o acampamento três e atacaria direto o cume. Mas nós ficamos em dúvida das previsões do tempo

Nós não temos certeza se as cordas fixas vão estar colocadas na montanha e isso nos influenciou bastante também para optar por descer e escolher uma janela mais estável, mais segura para escalar o Everest. Com essa decisão, a gente pode perder a janela que temos agora, talvez não tenha outra janela. Mas a gente prefere escalar a montanha com mais segurança, em especial porque nós vamos sem oxigênio. Nós somos muito frágeis nessa montanha.

Relato de Rodrigo Raineri – Estou com diarréia ainda, esse foi um dos fatores para a gente não subir, mas não foi o principal. O principal é que as previsões de tempo estão muito ruins mesmo e, como a gente vai escalar sem oxigênio, é bem mais complicado. Se fosse com oxigênio a gente iria. Queremos subir a montanha, curtir o visual, voltar com todos os dedos para casa, e o tempo vai fechar. Teremos que descer com mau tempo.

Esses dois dias de subida já foram meio duros, com um frio intenso. A gente prefere descer e descansar para aguardar a janela grande, onde todas as expedições grandes vão subir. A maioria das expedições que vêm todos os anos para cá também estão lá embaixo, ainda não subiram. Então a gente vai acabar ficando na cola desse povo.

O fato é que a gente ficou super feliz de ter dormido bem aqui no acampamento dois. A gente está forte, estamos bem. Daqui para o cume, a gente sai bem cedinho, chega no campo três, descansa, se hidrata e já sai na mesma noite, ou seja, daqui para o cume é praticamente “one shot”. Chegamos no último ponto super bem, o que nos dá tranqüilidade para um próximo ataque, porque antes nós não sabíamos como a gente ia reagir aos 7.500 metros.

Este texto foi escrito por: Vitor Negrete e Rodrigo Raineri, da Try On Expedition 2 no Everest