Os montanhistas Vitor Negrete e Rodrigo Raineri querem escalar o Everest e fazem um diário de montanha direto do Himalaia, rumo à escalada ao Everest. Confira as novidades.
Está tudo pronto para a nossa partida. Porém, as estradas estão fechadas pela guerrilha maoísta. Se optássemos por seguir viagem era bem provável que conseguíssemos passar pelos piquetes. Entretanto, a prudência nos diz que é melhor esperar…
Nossa estratégia, levando-se em conta principalmente nossa segurança, será viajar em comboio. Nesta quinta-feira, dia 07, juntaremos aproximadamente 15 grupos, entre turistas e alpinistas, e viajaremos todos juntos, com destino à fronteira entre o Nepal e o Tibet (China). Assim todas as negociações com os guerrilheiros, que não querem mal aos estrangeiros, e os eventuais custos relativos à nossa passagem, poderão ser compartilhadas por todos.
Se, ainda assim não conseguirmos, o plano B é contratar um helicóptero russo, com capacidade para 20 pessoas, e voar até a fronteira. De lá seguiremos até Nyalam (3.750m), uma cidadezinha tibetana no meio do Himalaya, onde poderemos continuar nosso processo de aclimatação. Passaremos alguns dias neste lugar e poderemos aguardar o caminhão com nossa carga.
Correria – Estes dias foram bastante corridos e atarefados. Aqui no Nepal nada funciona perfeitamente e lidar com os contratempos e imprevistos é uma das habilidades que precisamos ter para que tudo saia bem!
Lukla foi o destino escolhido para iniciar nossa aclimatação, pelo lado sul do Everest, devido a diversos fatores: um deles, um possível bloqueio de estradas, acabou se confirmando. Mais uma decisão certa! Alguns integrantes de outra expedição e grupos de trekking ainda não puderam voltar para Katmandu. Ninguém corre perigo, mas os deslocamentos estão complicados, feitos apenas de avião ou helicóptero.
Nosso vôo de retorno de Lukla a Katmandu foi cancelado, e após quatro horas de negociações intensas conseguimos trocar nossa passagem para outra companhia aérea e partimos no último vôo do dia!
Ontem (04/04) pela manhã fomos a Bodhnath, a maior stupa budista do mundo. Lá, além de fazermos nossas orações, compramos bandeiras de oração com o mantra Ohm Mani Padme Hum. De lá fomos ao encontro de um Lama, que nos deu sua bênção e benzeu nossas bandeiras. Este Lama e vários dos seus discípulos rezarão todos os dias para a segurança das expedições ao Everest. Ah! Stupa é um templo budista onde ficam os restos mortais de heróis e de reis, além de parte das cinzas do Buda (elas estão em oito stupas diferentes).
Em seguida fomos ao depósito de nosso agente aqui em Katmandu para checar outros ítens. Durante a checagem do oxigênio – que o Clayton e o seu Climbing Sherpa utilizarão no ataque ao cume – e um conjunto extra de emergência (máscara, regulador e cilindro de oxigênio) para o Vitor e para mim, um dos reguladores estava com defeito! Mesmo que tudo seja novo e da melhor qualidade, temos que checar sistematicamente! Que bom descobrirmos este detalhe aqui em Katmandu a tempo de trocar. Ainda assim, por causa deste evento, estamos levando mais um regulador extra.
No fim da tarde de ontem recebemos a notícia de que as estradas estão fechadas. Então decidimos a ida em comboio no dia 7 e aproveitaremos este tempo aqui em Katamandu para melhorar alguns itens, como , por exemplo, procurar novas guloseimas para comida do ABC (Acampamento Base Avançado) e de altura. Tentaremos também conseguir mais informações sobre as condições da montanha, que inclui previsão do tempo, comunicação. Amanhã (06/04) tentarei fazer um vôo sobre o Everest.
Namastê!
Este texto foi escrito por: Rodrigo Ranieri, da Try On Expedition 2 no Everest
Last modified: abril 5, 2005