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Diário de Porto 28: Tempo sem compaixão


Mari ChaI V (foto: Carlos Borlenghi)

Aqui em São Paulo chuva e tempestade como não se viam a mais de 15 anos causando estragos por todos os lados. No Atlântico Norte, do lado Europeu, a Calais Round Britain segue, com mais uma baixa apontada no último boletim, enfrentando ventos entre 25 e 35 nós.

Do lado das Américas, a Rolex Transatlantic Challenge vai enfrentando o mesmo Atlântico de mar difícil e vento contra que fez diminuir muito o ritmo de todos os concorrentes.

Rolex Transatlantic Challenge Ao completar o 4º dia de competição os competidores que vão à frente ainda não conseguiram se livrar do mau tempo. O líder na classificação geral até ontem o Mari-Cha IV com 5 tripulantes do ABN AMRO 1 para a Volvo Ocean Race a bordo, está agora em segundo lugar depois de ter que diminuir muito de velocidade navegando com menos velas do que os seus dois mastros podem carregar.

Foi um dia e meio de provação a bordo do barco de 140 pés que 36 horas atrás, lançado por uma grande onda teve quebrado o suporte para a vela grande que teve que ser abaixada. Navegaram assim, com 80% das possibilidades do barco até que a vela mezena, com o esforço extra também teve que ser recolhida e o barco segue agora 20 milhas atrás do líder Maximus (100 pés) navegando em velocidades praticamente iguais.

O plano no Mari-Cha IV é continuar forçando o mais possível nessas condições e, assim que o tempo permitir, fazer os reparos necessários para devolver o barco às suas melhores condições. O curioso fica por conta da comparação virtual com o desempenho de 100 anos atrás do barco Atlantic que ocuparia hoje a 3ª posição na regata ao se considerar a sua performance em 1905.

Calais Round Britain Entrando no seu 5º dia de prova a volta das Ilhas Britânicas acabou de fazer mais uma baixa. O barco Bonduelle do francês Jean Le Cam, segundo colocado na última regata de volta do mundo em solitário a Vendée Globe, perdeu o mastro e já está sendo rebocado por uma fragata da Marinha Britânica para um porto nas Ilhas Shetland.

Foi exatamente ao contornar o ponto mais norte do percurso, ao largo desse arquipélago de mais de 100 ilhas, que o Bonduelle, “durante uma noite de ritmo desenfreado” segundo seus tripulantes, que ocupava a 2ª colocação a apenas ½ milha do líder o inglês Ecover. Faltam agora aproximadamente 600 milhas para o final da prova de um total de 1.800 milhas.

A grande incógnita agora é o restante da ‘volta’ que será feito pelo Mar do Norte onde as condições meteorológicas ainda terão a última palavra com os 3 barcos, dos 7 que deram a largada, que seguem na prova.

Route de l´Equateur Já o ABN AMRO VO60 segue sem problemas, por um Mediterrâneo bem mais cooperativo, rumo a Marselha onde no próximo dia 5 será dada a largada para longa regata de 25 dias até o Congo na costa africana.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do TEAM ABN AMRO