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Diário de Porto 29: Ao sabor do vento


Ecover e SillViola Match Race na chegada (foto: Divulgação)

As condições do tempo, nos dois lados do Atlântico Norte, não pararam de surpreender. De cara fechada muito frequentemente, com suas variações de velocidade repentinas, com seu total desprezo por barcos e tripulantes o tempo tem sido, nas duas provas aqui cobertas, o principal personagem.

Tentar adivinhar seus humores para aproveitar as oportunidades tem sido uma constante, é tudo uma questão de tática e de paciência, um jogo de xadrez, só que disputado com pedras e tabuleiros que parecem ter vontade própria.

Calais Round Britain As últimas horas da Calais Round Britain prometem ser de tirar o fôlego. Até que a linha final seja transposta, nas primeiras horas de domingo, é impossível apostar em quem vai ser o vencedor. O Sill&Viola e o Ecover seguem navegando separados por apenas 500 metros de distância.

Percorrem o Canal da Mancha de nordeste para sudoeste, a menos de 50 milhas da chegada, no contra vento que ainda vai colocá-los a prova mais uma vez e promete força entre 25 e 30 nós com rajadas de até 40 nós. O mar também decidiu se levantar e contribuir para aumentar as dificuldades e tornar a disputa ainda mais fisicamente estressante.

Só que até domingo de manhã, como que por decreto, o vento vai diminuir progressivamente até ficar manso e apresentar ainda uma nova alternativa. É o que ainda está à frente desses 3 barcos (além dos dois citados ainda vai na prova o Virbac-Paprec) que já tiveram que fazer zique-zague entre as plataformas de petróleo do Mar do Norte, lutar contra correntes, chuvas, frio, evitar bancos de areia, balsas, cargueiros e até mesmo um barco de pesquisas sísmicas.

O progresso com o vento contra tem sido mais lento e aberto algumas “janelas táticas”, tanto para os dois líderes como para o 3º colocado que, mesmo com 20 milhas de diferença, ainda alimenta esperanças. Certeza, a rigor, apenas aquela de que quem quer que seja o vencedor vai bater o recorde existente para essa volta das ilhas britânicas. O tempo de 9 dias 9 horas e 48 minutos, vai cair para baixo do limite de 7 dias. É só ficarem ligados aqui para comprovar.

A perseguição do Mari Cha IV ao Maximus, ao se competar o 6º dia de prova, continua em ação e, como não poderia deixar de ser, muito influenciada ainda pelas condições meteorológicas.

A distância entre os dois, no boletim das 20 horas GMT já chegou a apenas 30 milhas, quanto mais o vento mudar de lado e passar a ‘empurrar’ em vez de ‘segurar’, mais aumentam as chances do Mari Cha IV.

Quem vai vencer? Também nesse caso parece que a única certeza é de que o recorde de 12 dias 4 horas, 1 minuto e 19 segundos do Atlantic, que já dura 100 anos, vai ser batido.

O Porto Velho de Marselha recebeu dos 4 cantos da Europa os concorrentes para a prova Grand Prix de Marseille nos dias 2 e 3 de junho e para a largada da Route de l´Equateur, de 4500 milhas de distância, no domingo 5 de junho.
É assim que os concorrentes entre os barcos de 60 pés serão:

Nouvelle Esperance (Nova Esperança) comandado por Philippe Monnet. Já está a uma semana em Marselha, vindo de Zadar na Croácia. Passou a semana aproveitando para dar os últimos toques, se abastecer e realizar breves saídas de testes.

bAmer Sports One comandado por Andrea Bonini. Chegou 6ª feira à noite vindo do Caribe onde passa o inverno e teve uma temporada de bastante sucesso.

Tókio comandado por Bertrand de Broc. Já estava pela região (em La Ciotat) sendo trabalhado no estaleiro Composite Works.

ABN AMRO VO60 que vai ter a bordo os brasileiros André Mirsky e Lucas Brun, também chegou na 6ª feira vindo de Portimão em Portugal. Neste sábado chegaram Sébastien Josse e Simon Fisher, respectivamente Skipper e Navegador dessa tripulação internacional que usa a Route de l´Equateur como um treino especial para a primeira perna da Volvo Ocean Race.
Entre os barcos de 50 pés inscritos estão:

Défi Vendéen comandado por Jean-François Durand é esperado neste domingo vindo da costa do Atlântico da França.

Tredici comandado por Rodolphe Jaque Beaucoup ainda anda bem descontraído passendo pela região enquanto espera pra entrar na 2ª feira nos seus preparativos finais quando vai, inclusive, receber um novo conjunto de velas.

Seis barcos, vindos de 5 portos diferentes e levando a bordo uma dezena de nacionalidades diferentes confirmam o interesse e o caráter internacional da prova. A primeira, dessa distância a contar com a participação de velejadores do Brasil.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do TEAM ABN AMRO