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Diário de porto 35

A Equipe ABN AMRO a bordo do VO60, que tem a bordo Lucas Brun e André Mirsky, largou na frente e segue liderando a Route de l’Equateur com uma vantagem de mais de cinco milhas sobre o segundo colocado, o surpreendente Open 50 Brest Nautic.

O barco menor se aproveitou bem das condições de vento e de mar que no momento favorecem mais as suas características e segue como uma sombra o ABN AMRO VO60.

Na entrevista hoje pela manhã, pelo rádio, com o skipper Sebastien Josse, pode-se ter uma idéia bem precisa do que se passa a bordo.

Como vai Seb, tentamos um contato ontem, logo após a largada, mas como estava muito calor, acho que não tinha ninguém na cabine, estavam todos no convés?
Sebastien Josse – É isso mesmo, ninguém queria saber de ficar na cabine.

Conte um pouco sobre essas primeiras 24 horas de prova a bordo do ABN AMRO VO60. Já podemos ver pelo mapa que vocês já passaram as ilhas Baleares parece que o ritmo está muito rápido!
Josse
– É isso mesmo, o Mistral empurrando permitiu que tivéssemos médias de 15 nós, isso são quase 30 km/h! Logo no início, fizemos várias mudanças de velas e estamos agora esperando entrar a pressão certa.

Você parece cansado pela voz. Você dormiu um pouco?
Josse
– Não, ia fazer justamente isso agora. É bem diferente de quando se navega em solitário, agora tenho uma Equipe inteira para me ajudar, fica mais tranqüilo.

Falando com outros concorrentes ficamos sabendo que o vento diminuiu e que vocês estão esperando a entrada de um vento Leste? De qualquer maneira vai ser uma rapidíssima descida do Mediterrâneo, não é verdade?
Josse
– É isso mesmo, 48 horas apenas de Mediterrâneo é um sonho para qualquer velejador acostumado com as calmarias de junho. Realmente espero que a meteorologia não se engane muito para que possamos logo entrar no Atlântico.

E vocês estão com o máximo de velas em cima?
Josse
– Tudo, tudo! Não cabe nem mais um metro quadrado de pano!

Na conversa com Bertrand Broc a bordo do Tókio que navega atrás de você a nordeste, mais perto da costa de Mallorca, ele contou que ontem à noite viu o Brest Nautic, um Open 50 passar por ele feito uma bala. Passou por vocês também?
Josse
– Não, não vimos ninguém passar. De qualquer maneira essas condições atuais são ideais para o Open 50, assim eles levam vantagem.

É a mesma análise feita pelo Bertrand dizendo que com vento de popa o Open 50 é mais rápido.
Josse
– Claro e os VO60 são mais pesadões, pesam 12 toneladas contra apenas cinco toneladas dos Open 50, é muita diferença. Depois eles têm um casco que plana mais e também uma área vélica maior. Mas são barcos diferentes, isso é normal.

Você espera se afastar deles quando o novo vento entrar?
Josse
– Não olhei as posições agora, mas tenho certeza de que estamos na frente* e assim que deixarmos essa situação meteorológica vamos acelerar bem mais forte até Gibraltar.

*No último boletim via satélite divulgado ao meio dia, horário de Brasília, as colocações eram as seguintes:

1º ABN AMRO VO60
2º Brest Nautic -5,2 milhas
3º Nouvelle Esperance -17,5 milhas
4º Tokyo -31,10 milhas
5º Le Défi Vendéen -34,70 milhas

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do TEAM ABN AMRO